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Jovens que oram na universidade
- 13/08/2013Atentos aos acontecimentos da recente Jornada Mundial da Juventude, jovens evangélicos da UFBA falam sobre o significado de ser um jovem cristão na universidade
Adriele Sousa
Nos últimos meses, a juventude brasileira voltou à cena midiática nacional e internacional como protagonistas dos debates sobre educação, saúde e corrupção no Brasil. Pelos quatro cantos do País, os jovens saíram às ruas e mostraram que estão atentos aos acontecimentos e querem ser levados a sério. Sintonizados com essas mudanças, mas com outro instrumento de luta, a fé, um grupo de jovens universitários cristãos se reúne toda quarta-feira, depois do almoço, no pátio externo da Biblioteca Reitor Macedo Costa da Universidade Federal da Bahia, para debates, leituras bíblicas e definição de estratégias de atuação na universidade. Eles fazem parte da Aliança Bíblica Universitária (ABU), um movimento universitário cristão presente em todo o território nacional.
Unidos pela fé e por ideais acadêmicos, esses jovens têm angústias e anseios semelhantes aos outros jovens. Participam de pesquisas, eventos científicos e dão seu testemunho de fé, por meio da responsabilidade com suas atividades enquanto universitários. Todos são unânimes quanto à liberdade que gozam, apesar de terem escolhido uma religião que os colocam na contramão da maioria das escolhas feitas pelos jovens na mesma faixa etária, como consumo de álcool e a prática de sexo antes do casamento. “Ser um jovem cristão é enxergar a liberdade de um modo diferente. O que a sociedade imprime para a gente não é liberdade, é uma prisão”, afirma Vítor Chaves, 21, estudante de engenharia civil, explicando que para não ser considerada uma pessoa careta é necessário fazer as mesmas coisas que a maioria faz. O grupo possui um foco diferente do ritmo a ser seguido pela juventude, baseado nos ensinamentos cristãos e na ideia de que não é preciso fazer tudo igual ao que os outros jovens fazem para serem legais. “É uma escolha por outro estilo de vida”, acrescenta Vítor.
Ser membro de igreja, adepto de uma religião, que os distingue ideologicamente de outras pessoas, exige atitudes e posturas que vão ao encontro das orientações recebidas e ensinamentos que devem seguir, nos conta o grupo. “É difícil ser evangélica não por causa de nossas escolhas, mas por conta das outras pessoas, de como elas enxergam, mais pela maneira como as pessoas encaram isso”, observa Tiana de Jesus, 19, graduanda em Biologia. Confessar ser evangélico suscita, muitas vezes, dos colegas gracejos, segundo relata Tiana. As brincadeiras, segundo membros do grupo, têm origem no fato de que na universidade sempre há uma tentativa de sobrepor a ciência à fé, por causa dos muitos erros cometidos pela Igreja ao longo dos séculos.
Quando indagados sobre como equilibram fé e ciência na Universidade, os estudantes afirmam que é possível acreditar na veracidade dos textos bíblicos, sem discordar com tudo que é defendido pelas teorias científicas. “A gente é que fica, muitas vezes, alimentando um revanchismo entre fé e ciência. É possível as duas dialogarem. Negar a ciência é negar a própria essência de Deus, pois foi ele quem deu a Iluminação ao homem”, defende Leon Sousa, 34, estudante de filosofia. Neste sentido, é comum ao grupo o sentimento de que há uma racionalidade na fé. “A religião apenas norteia e você é livre para pensar e para criticar”, conclui Vanessa Santos, 21, graduanda de História.
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