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Maioria prefere filme dublado, mas dubladores não são valorizados
- 13/12/2013Fábio Arcanjo e Luiz Fernando Teixeira
Embora 56% dos assinantes de canais a cabo prefiram ver filmes dublados em português (segundo pesquisa Datafolha), o trabalho dos dubladores profissionais – cerca de 400 em atividade no Brasil – ainda é pouco valorizado no país.
Além de sofrerem muitas críticas, os dubladores ainda têm que enfrentar concorrência de cantores e atores famosos, que frequentemente são a primeira opção das produtoras para dar voz aos personagens de mais destaque, por conta da visibilidade que podem trazer para o filme
“Shrek” é um exemplo de personagem cuja escolha de dublador se deu como forma de promover comercialmente o filme. O personagem ainda é comumente associado ao falecido Bussunda, que emprestou a voz ao ogro nos dois primeiros filmes da série.
Mas, como conta Mauro Ramos, dublador que assumiu o papel de Shrek após a morte do Casseta, a decisão de convidar Bussunda para o papel foi tomada de última hora. Ramos, que é dublador profissional há 24 anos, também é a voz de outros personagens marcantes, como Pumba (O Rei Leão), Sully (Monstros S.A.) e atores diversos, como Gary Oldman, Jean Reno, Geoffrey Rush e Danny DeVito.
“Quem dublou inicialmente o Shrek no primeiro filme fui eu, que fui escolhido pela DreamWorks. Foi depois que eu já havia encerrado o processo e recebido meu cachê que a distribuidora local decidiu pelo Bussunda. E a escolha foi uma forma de vender o filme, porque ele estava parecido fisicamente com o personagem”, conta Ramos, a escolha imediata para o papel nas continuações da franquia. “Somos atores e a dublagem é mais um aspecto dessa profissão, então o que me incomoda é a desvalorização do trabalho do colega dublador que, como eu, vive quase que exclusivamente disso.”
Já Hermes Baroli, dublador de Seiya de Pégaso em Cavaleiros do Zodíaco , acredita que não haja problemas quanto ao fato de famosos também fazerem dublagem, desde que o trabalho seja desenvolvido por atores profissionais. Segundo Baroli, “se não é ator, é exercício ilegal de profissão”.
[Saiba mais sobre Hermes Baroli assistindo a entrevista feita pela 1.4 Filmes:]
Hoje em dia, o trabalho dos dubladores é uma tarefa solitária, pois, com medo de vazamento de roteiro e pirataria, os estúdios enviam apenas trechos das filmagens para o dublador, que nem chega a contracenar com os demais dubladores. Em caso de animações, a tarefa é ainda mais complicada, porque muitas vezes não há sincronia entre a fala e o movimento dos lábios dos personagens.
Outro desafio para os dubladores é, numa mesma produção, criar a voz de dois personagens diferentes. Baroli, que já enfrentou esse desafio mais de uma vez, diz que essas situações fazem parte da profissão: “é preciso saber alterar a energia de acordo com o personagem da tela para que não seja perceptível que sua voz está em mais de um personagem. A boa dublagem é aquela que não chama atenção.”
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