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Mercado em alta faz animadores ficarem na Bahia

- 23/12/2013

O desenvolvimento de séries de animação como projetos culturais, os primeiros contatos com canais de TV para exibição e a demanda de serviços do campo da publicidade, aos poucos, está fazendo o setor crescer

Rafael Raña

A Bahia não é uma tradicional produtora de animações, mas o mercado no setor tem se desenvolvido no estado nos últimos anos. Embora não haja dados consolidados que permitam quantificar essa expansão, a “boa fase” relatada por profissionais do campo tem se refletido na opção de alguns deles por permanecer atuando no mercado baiano – mesmo ainda tendo que enfrentar dificuldades que vão da falta de qualificação à escassez de financiamento.

Chico Liberato, da Liberato Produções, já fazia animações desde a década de 70, mesmo com dificuldades para conseguir qualquer tipo de financiamento. Animações como “Ritos de Passagem” (2012), que tematizam a cultura brasileira ou a vida do sertanejo, foram pioneiras no cenário baiano. Em atividade até hoje, a Liberato Produções produz a série de animação Turma do Xaxado, baseada na história em quadrinhos de Antônio Cedraz, que será exibida pela TVE.

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Para Candida Liberato, filha do animador e gestora da Produtora, apesar da proximidade com os canais de televisão facilitar o escoamento das animações no eixo Rio-São Paulo, existe uma tendência a descentralizar a distribuição de recursos, o que tem permitido que projetos possam ser realizados na Bahia. Ela também diz que o estado já possui equipes capazes de realizar projetos em animação.

A Liberato não é um caso isolado. Amadeu Alban, da produtora de conteúdo Movioca, conta que atualmente está desenvolvendo o longa-metragem de animação “Miúda e o Guarda-Chuva”, cujo projeto foi vencedor de um edital da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT-BA).

Amadeu Alban e a equipe da Movioca | Jéssica Nascimento/Labfoto

“Miúda”, diz Alban, foi desenvolvido inicialmente como o piloto de uma série para TV. O piloto foi tão bem recebido pela crítica, que acabou selecionado para participar do Festival Internacional du Film D’Animation de Annecy, o maior festival francês de cinema e animação. Após a boa acolhida, a equipe de produção decidiu que seria interessante fazer um longa-metragem antes de realizar a série.

[Confira o piloto de “Miúda e o Guarda-Chuva”]

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Alban diz que exibir os produtos em outros países é uma boa oportunidade para criadores locais, já que por aqui uma das principais dificuldades da área é a falta de janelas de exibição. A Movioca, por exemplo, está envolvida numa coprodução com a França e a Índia, países em que o mercado de animação é mais forte.
A falta de bons cursos de capacitação de novos animadores no estado é um problema que torna mais lento o desenvolvimento da cena baiana de animação digital. Para Amadeu, há bons profissionais na Bahia, mas a maior parte é autodidata. É o caso de Luiz Batalha, um dos animadores de “Miúda e o Guarda-chuva”: formado em design, ele aprendeu a profissão quebrando a cabeça sozinho. Batalha destaca que existem boas escolas em São Paulo e Belo Horizonte, e lamenta a falta de instituições do tipo na Bahia.
Segundo Batalha, “o Brasil está num momento muito favorável para o cenário da animação. Inclusive há até filme brasileiro de animação concorrendo para as nomeações ao Oscar (Uma História de Amor e Fúria (2013), de Luiz Bolognesi). Na Bahia, a meu ver, as oportunidades ainda são raras. O mercado baiano ainda está engatinhando, apesar da recente ascensão.”

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