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Mídia cidadã é pauta em evento da Abraji

- 14/08/2013

O crescimento de grupos alternativos de notícias foi debatido no Primeiro Encontro Regional de Jornalismo Investigativo em Salvador

Paula Morais

O fenômeno dos grupos alternativos de circulação de notícias na internet como Mídia Ninja  (sigla de Narrativas Independentes Jornalismo e Ação) e Global Voices foi um dos assuntos debatidos no Primeiro Encontro Regional de Jornalismo Investigativo em Salvador, promovido pela Faculdade Social da Bahia (FSBA) e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). O evento teve como objetivo de debater a cobertura política e fiscalização de Governos, a partir das experiências de jornalistas de veículos impressos.

Sobre a maneira como a informação é veiculada pela mídia alternativa, o presidente da Abraji  e editor-chefe do RJ-TV, da Rede Globo, Marcelo Moreira, disse que a comunicação não deve ficar restrita apenas aos jornalistas. “Eu vejo esses grupos de forma positiva. O acesso às informações deve ser de todos. São os leitores que vão filtrar se o que se fala é verídico ou não”. O jornalista Biaggio Talento fez uma ressalva. “Há limites também. Para entrevistar um prefeito, por exemplo, é necessário conhecimento de formação jornalística, senão, não vai saber como se comportar”, disse.

No mês passado, o Ninja fez entrevista exclusiva com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). O vídeo foi acompanhado online por mais de 21 mil pessoas e o resultado foram perguntas poucos objetivas e sobre assuntos que não estão ao alcance de Paes, como a atuação da política do estado nas manifestações. “Não foi fácil”, reconheceu o grupo em nota publicada na página do Facebook.

A  editora do jornal O Globo e diretora da Abraji, Angelina Nunes, enfatizou que o Ninja não é o primeiro coletivo de mídia alternativa e elogiou outros grupos semelhantes. “Há pessoas que se reúnem nas favelas do Rio de Janeiro e circulam informações interessantes, que chegam a pautar os grandes jornais”. Além de Moreira, Talento e Angelina, o editor de política do Correio*, Jairo Costa Junior, participou do debate. Em conversa expositiva, os jornalistas sugeriram a internet como uma das principais ferramentas de investigação jornalística.

Investigação – “Com uma boa apuração, você escreve para qualquer mídia”. Essa foi uma das dicas que Angelina compartilhou com os ouvintes. A jornalista, que é uma das profissionais mais premiadas do Brasil, apresentou a série de matérias “Homens de Bens da Alerj”, que recebeu em 2004, quatro prêmios, dentre eles, o Prêmio Esso de Jornalismo, na categoria principal. As reportagens mostraram a o aumento do número de patrimônios dos deputados do Rio de Janeiro, entre os anos de 1996 e 2001, e revelaram que 27 políticos registraram um crescimento patrimonial superior a 100%.

Para Angelina, o profissional não deve se distanciar da internet quando o assunto é apuração. E da mesma forma que é possível encontrar a nova música do momento ou o mais recente jargão no Facebook, o jornalista também pode descobrir informações por meio de técnicas como banco de dados, redes sociais ou Reportagem com Auxílio do Computador (RAC). “A internet está aí. Distância física não é desculpa para não apurar informações. Isso não é jornalismo, é preguiça”, exclamou.

Técnicas como banco de dados ou recursos do Excel ajudam com a investigação cotidiana do jornal impresso. “O Excel é uma ferramenta poderosa para cruzamento de dados que deveria ser aplicada na faculdade”, disse Costa Junior. O jornalista acredita que o profissional da área deve acompanhar a evolução dos instrumentos online para que não haja estagnação com o passar do tempo.

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