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Morte provoca interpretações diversas e curiosas

- 04/10/2016

Religiões diferentes tentam penetrar no universo dos mistérios sobre a morte 

Camila Jesus, Thyza Ferreira e Victoria Goulart 

A morte é a única certeza que temos na vida, mas incerto mesmo é o que acontecerá depois dela. O tema é vasto e tratado de diferentes formas: enquanto existem os que buscam entender  e até explicar a continuidade da vida em outros planos  há aqueles que preferem viver o aqui e agora.

O ID126  foi conferir  percepções de pessoas sobre o assunto. Confira:

Corpo e mente

Ao chegarmos ao Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB) para conversarmos sobre a visão do budismo em relação à morte, estavam sentados, com a coluna ereta e olhar acolhedor, os dois facilitadores com os quais iríamos discutir o tema: José Raimundo Sampaio e Martha Valois. Ao iniciarmos a conversa, Martha Valois já cita uma frase dita pelo líder Dalai Lama quando indagado sobre a morte: “É um tema muito vasto e a gente não vai ter tempo de tratar aqui”.

Martha Valois e José Raimundo Sampaio, facilitadores do Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB) | Foto: Victoria Goulart

O Centro segue a tradição Mahayana, proveniente do Tibete. Nessa crença acredita-se  que, após a morte, a mente continua a existir e apenas o corpo se desfaz como matéria. A mente terá um outro corpo como sua casa e lidará sempre com os resultados de vidas passadas. “A nossa vida é, hoje, resultado do que fizemos no passado e, ao mesmo tempo, a causa do que pode acontecer no futuro”,  diz José Raimundo Sampaio. E Martha Valois acrescenta: “Inclusive não necessariamente em vidas futuras, as conseqüências também se dão nesta própria vida.”

No pensamento de ambos, o fato é que todos devem viver pelo e para o bem, de si próprio e do outro, e, assim, bons frutos serão colhidos no futuro. Nesta, e nas outras vidas, todos sofrerão as conseqüências de seus atos, mas sempre haverá a possibilidade de transformação no comportamento das pessoas. Como afirma Martha Valois: “A história ainda está sendo construída. A mente é contínua e é um problema achar que a vida se estabelece apenas como corpo. Depois da morte haverá a reencarnação ou, como preferimos dizer, o renascimento da mente”, completa.

Corpo e espírito

Para os espíritas, a morte é apenas uma passagem. De acordo com Tânia Arjones, coordenadora da área mediúnica do CETRASC- Centro Espírita Trabalhadores de Cristo, localizado no IAPI-Salvador, a morte é o  final da energia do corpo físico. “O espírito não morre, ele apenas reencarna em um corpo diferente”, acrescenta.

Fachada do Centro Espírita Trabalhadores da Seara de Cristo | Foto: Thyza Ferreira

Segundo a linha de pensamento do espírita Allan Kardec, autor do Livro dos Espíritos, a morte deve ser considerada como o fim de um ciclo físico e o início do espiritual.  “Nós, encarnados, celebramos a vinda do corpo à vida (o nascimento). Na erraticidade, os espíritos comemoram e festejam o retorno daquele espírito”, explica Tânia Arjones.

Porém, apesar de todo o conhecimento que os praticantes dessa religião têm, ainda há o estranhamento com o  fenômeno da morte. “Raros são aqueles que entendem que quando chegar a hora, está na hora… e que vamos voltar a reencontrar nosso ente no mundo espiritual”, completa Tânia. Mesmo sabendo-se que haverá o reencontro, a dor da saudade e presença física ainda é maior que a consciência.

Diferentemente de outras religiões, no espiritismo a morte não é vista como punição. “Em alguns casos, chega a ser um prêmio, uma libertação”, diz Tânia. De acordo com ela, nós temos uma programação natural que precisamos cumprir e, ao final, é necessário retornar para o mundo espiritual.

Céu, purgatório e inferno

A visão de morte no catolicismo vem sempre acompanhada da ideia de juízo particular ou juízo final. Segundo a Irmã Cristina Silva, integrante da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (CONFHIC), a morte é o desprendimento da matéria. “É o momento em que corpo e alma se separam e se inicia o juízo final”.

Irmã Cristina explica a visão católica da morte | Foto: Camila Jesus

E o que virá depois disso? A irmã destaca que cada um de nós é responsável pelas nossas ações e aproximação com Deus, e isso determinará o destino de cada um, que pode ser o céu, o purgatório ou o inferno. “Acredito que no céu estarão as pessoas que praticaram boas ações durante a vida; no purgatório estarão aqueles que precisarão de um período de purificação e elevação espiritual e no inferno estarão aqueles que o Senhor julgar merecedor dele”, afirma Irmã Cristina.

A morte é um mistério contínuo que será sempre interpretado de diversas formas. Para segurar a curiosidade, o conselho da Irmã Cristina é deixar a vida correr  ao sabor do tempo.  “Aguardar nossa hora e  viver nossa vida, não julgar o próximo e sempre ponderar nossas ações terrenas”.

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