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Muito axé para Pierre Onassis
- 11/03/2013Pierre Onassis fala sobre seu envolvimento com a música baiana antes e depois do gospel
Darlan Caires e Hilla Santana
Um dos compositores mais conhecidos da música baiana, Pierre Onassis, antes um tradicional cantor do Carnaval na Bahia, hoje é um dos ícones do gênero gospel. Convertido à religião evangélica desde 2009 o músico já lançou um CD e lançará seu segundo trabalho pela gravadora Central Gospel esse ano. A equipe do ID126 conversou com o artista sobre seu tempo nos trios elétricos de Salvador e seu atual estilo de vida, que segundo ele é em cima de outro trio: “Do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Confira a entrevista.
Impressão Digital 126 – Quando você encontrou a música?
Pierre Onassis – Tocava pandeiro num grupo de pagode e conheci o Olodum. Fui para o Pelourinho participar do Femadum (Festival de Música do Olodum) e quando vi fiquei assustado com a magia dos tambores. E aí foi o despertar da música. Comecei como compositor, fui gravar no Requebra, fui chamado por outros interpretes como Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Chiclete com Banana. O envolvimento com a música foi muito lindo, enfrentei muitas batalhas. Ia escondido da minha mãe (risos). Quando ela soube que eu andava no Pelourinho foi uma loucura, mas depois entendeu que a música estava dentro de mim.
ID 126 – Por que não tentou conciliar a carreira profissional com o Carnaval, como fazem alguns artistas que se declaram cristãos?
PO – A Bíblia diz que a luz não se mistura com as trevas. Quando Deus me chamou pra falar do seu amor e restaurou minha casa, minha família, meu casamento, eu decidi ter uma vida de cumplicidade com o Senhor. Eu resolvi abdicar.
ID 126 – Por que você adaptou uma música de quando você era cantor de axé para uma letra gospel?
PO – O Senhor colocou um novo cântico na minha boca. É melhor que eu fale agora de uma nova história, de uma nova música, de um novo momento. Eu acho que essas músicas, que serviram de referência, vão dar esse impulso para as pessoas. Elas vão ver que agora tem outro jeito de cantar.
ID 126 – Na igreja existe resistência quanto ao envolvimento com o uso de percussão ou isso está mudando?
PO – Confesso que sofri um pouco, mas o próprio Lázaro apareceu antes de mim nesse movimento, e alguns paradigmas foram quebrados e desmistificados em relação à música gospel e suas vertentes. O povo quer a verdade e quando você vai a uma igreja, com tambor, guitarra, ou só a voz, o importante é a verdade. O ritmo foi criado por Deus, porque o inimigo não é dono de nada.
ID 126 – Axé gospel funciona na avenida?
PO – É muito mais do que cantar. Nós cremos que nesse momento milhares de pessoas buscam uma alegria, uma motivação maior e acham que o Carnaval é o momento de extravasar. E eu já vivi isso 25 anos da minha vida, achava que a felicidade estava ali. Mas estamos ali pra mostrar o contrário. Você não precisa se envolver com coisas que não prestam, com a promiscuidade, bebida, droga, adultério pra que você se sinta realizado. Já faço uma participação nesse evangelismo há três anos e tenho visto pessoas passando com abadá, fantasias e tirando [os adereços do carnaval] a partir do momento em que ouve uma palavra. Eu creio que funciona sim.
Conheça o axé de Pierre Onassis antes e depois do gospel. O cantor regravou o sucesso “Requebra”, da banda Olodum, em uma versão adaptada para a religião a qual pertence. Ouça a diferença nos áudios a seguir:
Requebra – Olodum:
Dou Glória – Pierre Onassis:
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