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Música é matemática?
- 14/05/2012
Fernando Vivas
Apesar das facilidades trazidas pela música computacional, o uso das novas tecnologias divide opiniões. Uma das vozes dissonantes é a do violinista Uibitu Smetak, 41, integrante da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba). Filho do compositor Walter Smetak, expoente da música de “vanguarda” brasileira e um dos mestres do movimento tropicalista, Uibitu, vê com reservas o emprego de softwares e novas tecnologias na pesquisa e produção da música erudita.
“São muito úteis, quando se tem experiência no seu emprego. Mas dominar essa linguagem requer um investimento de tempo e paciência que, inicialmente, pode tolher o processo criativo”, argumenta. Questionado pelo ID126 sobre a automatização das análises dos Corais de Bach, afirma que “nada supera o prazer de desvendar os mistérios de Bach com a sua própria inteligência, sem programa algum de computador”.
Por outro lado, o flautista Tuzé de Abreu, 64, que passou pelo Tropicalismo, foi músico do Doces Bárbaros, grupo que reunia Gil, Caetano, Gal e Bethânia, responde com um admirado “xiiiiiiiiii !!!” ao saber o curto tempo (20 segundos) gasto pelo programa Romeau para examinar 266 Corais de Bach.
Tuzé, que também é médico legista aposentado e acaba de defender sua dissertação de mestrado na Emus, com o tema “Os processos composicionais de Walter Smetak”, prossegue: “A matemática está em tudo, por exemplo, aqui mesmo”. E, apontando, para o chão: “1,2,3,4”, conta os ladrilhos da Reitoria da Ufba, onde acabara de se apresentar, antes da entrevista para o ID126. “A matemática auxilia a música, que é uma arte mais ligada ao tempo que ao espaço”, opina Tuzé.
Uibitu pensa de outra forma: “Há bastante matemática na música, mas ainda não consigo ouvir a música da matemática. Creio que são coisas diferentes. Música é arte, fala ao coração. Matemática é ciência. Em algum ponto as duas se encontram, e se separam”, sentencia.
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