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Na rua: inspiradas nos modelos norte-americanos, cafeterias gourmet se instalam em centros comerciais de Salvador
Rafaela Oliveira e Yumi Kuwano - 22/11/2017Trazendo diversas opções de café, elas oferecem conforto e praticidade para quem vive na correria
Puro ou com leite, não pode faltar. Para muitos, ele é indispensável logo cedo. Presente em quase todos os estabelecimentos e vício declarado de muitas pessoas, o café é considerado a segunda bebida mais consumida no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Para os apaixonados pela bebida que não se satisfazem apenas com um expresso ou um copinho de café com leite, as notícias são boas: Salvador está cheia de cafeterias – literalmente – de rua. Indo muito além dos shoppings e facilitando a vida de quem não tem muito tempo, os estabelecimentos especializados no grão estão cada vez mais presentes nos grandes centros da cidade.
Há menos de um mês em Salvador, o Tiamate Coffee, especializado em café gourmet, fica ao lado de uma farmácia popular e em frente a uma dúzia de vendedores ambulantes. O lugar não poderia ser mais movimentado: Avenida Sete (Av. Sete de Setembro, n° 1019). Segundo Leônidas Macedo, diretor executivo da empresa, a ideia de trazer a cafeteria para o centro da cidade é tirar do imaginário social que só shoppings centers podem oferecer qualidade. “Lugar de cafeteria é na rua. As pessoas bebem café a qualquer hora do dia e é preciso que o serviço esteja ao alcance. É assim que funcionam nas grandes metrópoles”, explica ele. Os preços variam de R$7,50 à R$12,90.
Inspirado na estética estadunidense das cafeterias express, o Tiamate Coffee preza pela rapidez na entrega do drink que leva, em média, 5 minutos para ficar pronto. “As pessoas estão cada vez mais apressadas. É preciso se adequar ao tempo do consumidor”, observa Leônidas. É assim também que funciona o Coffee Hub, cafeteria que abriu na Barra. As semelhanças não ficam só na proposta: assim como o Tiamate, ela também foi aberta no último mês em Salvador.
Localizada no final do calçadão da Barra, perto do Porto, o Coffee Hub é um pedacinho de Nova Iorque na capital baiana. Com decoração completamente feita de madeira, cardápio escrito de giz em quadro negro e pallets de madeira com jardins suspensos, o espaço é pequeno e a cozinha fica a vista do consumidor. “Não sigo regras, gosto de aproximação. Sou dessas de levar pra dentro de casa e oferecer um pão de queijo, mesmo sem conhecer”, declara Michelle Meireles, que está à frente do negócio.
Além do café
Formada em gestão financeira na New York University (NYU) – fundada em 1831 e considerada uma das universidades de pesquisa mais influentes do mundo – Michelle é empreendedora. E jovem. Com um extenso currículo, que inclui gestão de empresa de automóveis e até premiação da ONU como uma das pessoas brasileiras mais inspiradoras do país, em 2014, Michelle quis trazer para Salvador algo além de um espaço para tomar café.
Chamado por ela de “cafeteria criativa”, o espaço também é destinado para bate papos, palestras e até aulas de inglês. Como convidados, investidores, pessoas ligadas ao mundo dos negócios e também feministas. “Realizamos encontros só para mulheres, onde debatemos e discutimos assuntos atuais da nossa realidade, nossos medos e desejos que precisam ser compartilhados”, alega Michelle.
Assim como o Coffee Hub, o Tiamate deseja ser um espaço para compartilhamento de ideias. Com mesas espalhadas e tomadas ao lado de cada uma, com iluminação propícia para leitura, o espaço tem sido usado pelos consumidores para reuniões. Aluna do Colégio Nossa Senhora das Mercês, que fica ao lado da cafeteria, Bruna Dantas confessa que frequenta o espaço após a aula, com os colegas. “Passei a vir aqui estudar. É um espaço mais divertido e silencioso do que o pátio da escola. Meus amigos também vêm junto”, relata a estudante de 14 anos. Quando perguntada sobre a bebida favorita, ela não tem dúvidas. “O café com baunilha. Parece milkshake”, garante.
Fundado em 2015, o 33 Downtown Coffee fica no Comércio, na Av. Estados Unidos, n°397. Para além do nome e da rua que carregam o espírito estadunidense, a cafeteria oferece delivery. É só ligar e pedir. Além disso, ela abre uma hora antes do horário comercial: às 7h.
Muito além do café com leite
Se você é fã de expresso, desses que nem tem açúcar, já pode ficar feliz. Se prefere algo mais doce, à lá milkshake, pode sorrir também. Tem pra todo mundo. E não é de agora.
Segundo Lorena Senna, especialista em café e professora do curso da Feito a Grão – rede de cafeterias brasileira especializada em grãos torrados artesanalmente – tudo começou com na Itália. “O cappuccino é talvez o mais famoso drink feito com café e foi obra de um monge italiano”, conta a professora que se refere ao período entre os séculos XVI ou XVII e ao Marco D’Aviano. No meio da invasão Islâmica na Europa, os italianos – que não eram chegados no café – decidiram misturar a bebida com leite e mel. “A intenção era diminuir o gosto do café. Eles achavam muito amargo”, explica.
De onde veio?
Hoje o Brasil está no top 15 entre os maiores consumidores de café no mundo. Entretanto, até chegar por aqui ele passou por inúmeros lugares e cada um deu a sua contribuição para o que a bebida é hoje. O café surgiu na Etiópia, no século IX, mas com uso da planta para fins medicinais. A bebida mesmo só apareceu na Pérsia, no século XVI, quando o café foi torrado pela primeira vez.
A primeira loja do café do mundo foi aberta em 1475 na cidade de Constantinopla, hoje Istambul. Na Europa Ocidental, em 1652, a Inglaterra foi a pioneira no quesito casa de café. Paris inaugura a sua primeira cafeteria em 1672 e foi lá na França, que se adicionou açúcar ao café pela primeira vez.
No Brasil, ele chegou em 1727 e seu cultivo se espalhou rapidamente, devido às condições climáticas do país. Chamado de bebida social, o café logo ganhou seus próprios espaços e as cafeterias se tornaram cenário de encontro de artistas, escritores, aristocratas e políticos. Por volta de 1820, começam a aparecer no Rio de Janeiro as primeiras cafeterias, caracterizadas por estarem em pontos nobres da cidade. Em São Paulo, só apareceram mais tarde, na década de 1850 e, diferente da cidade carioca, eram estabelecimento mais simples, com poucas xícaras e mesas. Nas próximas décadas, foram surgindo os espaços mais requintados, que eram diariamente frequentados pela alta sociedade brasileira.
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