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No olho da rua

- 14/12/2011

Em coletivos ou individualmente, artistas trabalham com intervenções urbanas que tornam o dia-a-dia dos transeuntes mais inusitado

Por José Marques e Vitor Villar

No campus da Lapa da Universidade Católica de Salvador, da noite para o dia, surgiram 49 pontos vermelhos na parede externa da unidade, em frente à Avenida Joana Angélica. Dispostos em três fileiras, podiam ser absolutamente aleatórios ou o resultado de uma pichação. Um observador mais atento, contudo, perceberia que se tratava de uma frase em alfabeto braile. Se esse observador, além de atento, fosse curioso em relação ao que estava escrito, encontraria, ao “traduzir” os símbolos pintados, os dizeres “A IGNORÂNCIA NOS CEGA”.

A pedido do reitor, os pontos foram removidos do local em menos de uma semana.

"A ignorância nos cega". Crédito: Fernando Lopes

O trabalho, do artista visual Fernando Lopes, é uma das diversas intervenções artísticas feitas em abril de 2004 que fazem referência aos 40 anos do golpe militar no Brasil. “Foi um trabalho chamado 64 + 40, promovido pelo artista Luís Parras”, relembrou. Parras faz parte do Grupo de Interferência Ambiental (Gia).

Embora Lopes trabalhe individualmente ou com parcerias diversas, coletivos de intervenções urbanas não são raros em Salvador. A maioria, no entanto, não sobrevive o suficiente para gerar uma extensa lista de trabalhos. Uma das exceções está no Gia, formado em 2000 e em atividade até hoje. Eles se dizem “dispostos a questionar as convenções sociais sempre que possível, através de práticas concretas infiltradas em pequenas transgressões”, e realizam intervenções ao longo do Brasil e, quando possível, em outros países.

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Intervenção “A Cama”, realizado pelo Gia na Av. Paulista

Os trabalhos do Gia são, segundo a professora de História da Arte, Ludmila Brito, componente do grupo, “apolíticos”, mas têm a intenção de produzir “significados sociais” através de situações inusitadas, plantadas em contextos diversos. “A Cama”, por exemplo, uma das ações do coletivo, é feita ao se pôr uma cama na rua, em um lugar qualquer do espaço urbano. Um dos membros do grupo dorme algum tempo nela. As reações das pessoas em volta são registradas em vídeo.

O trabalho de Fernando Lopes, por sua vez, tem intenções mais claras, e costuma abordar temáticas de protesto de forma irreverente. “Eu uso a rua como suporte para expressar coisas que não dá para colocar na galeria”. Dessa mesma maneira, atuam outros artistas das ruas soteropolitanas. O extinto coletivo Meio-Fio, por exemplo, fez um “manifesto” em forma de ação em 2007, sobre a obra do artista Bel Borba, na Avenida Contorno, em Salvador.

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Trabalho contra intervenções permanentes realizado pelo coletivo Meio-Fio

Intitulado “O Alçapão”, a ação tinha como objetivo manifestar descontentamento com as intervenções permanentes na cidade. A arte de rua também pode servir para a divulgação de projetos, como ocorreu no marketing viral do álbum Cha Cha Cha, da banda soteropolitana Retrofoguetes. Produzido pelo baterista Rex e pelo artista Robson “Finho”, o stencil (técnica aplica com o uso de spray sobre um molde) foi espalhado pelos muros da capital baiana.

Marketing viral do álbum Cha Cha Cha, da Retrofoguetes. Crédito: Reprodução

Leia mais:

Fora das galerias – Conheça o trabalho de Fernando Lopes

No meio do caminho, havia uma cama – Conheça o trabalho do Grupo de Interferência Ambiental

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