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Novas estratégias da cena musical independente

- 14/12/2011

Por Agnes Cajaiba e Tais Bichara

 

Embora para a maior parte do público nacional a produção de música na Bahia seja imediatamente associada – e muitas vezes resumida – ao axé, ao pagode e a alguns exemplares da MPB, o cenário independente tem ganhado cada vez mais espaço e apresentado artistas que se destacam enquanto grupo pela variedade de sons, produtos e formas de se mostrar ao público. Há quem diga que não há nada de novo, que tudo se repete, a gente tem a impressão que é algo diferente, mas não é. Certamente a Lunata não é a primeira banda a misturar MPB, jazz e elementos do rock, nem a Vivendo do Ócio inventou o indie rock ou a Suinga o axé. Mas todas essas bandas jovens – tanto pela média de idade dos integrantes quanto pelo tempo de existência do projeto – parecem compor um novo cenário para a produção musical da Bahia. Mas, afinal de contas, o que essa nova geração de músicos tem de verdadeiramente diferente?

 

 

 

 

 

 

 

Velotroz (foto: Mariele Góes) e Lunata (foto: Mariele Góes)

 

De Salvador tem saído indie rock, resgate do axé dos anos 80, pop “meloso”, jazz com MPB e rock, cute indie com bossa nova, e muitas outras misturas. Mas tem saído também novas estratégias de divulgação, uma frequente produção de videoclipes, novas parcerias e colaborações inspiradas no conceito de coletividade, e uma participação muito grande nas redes sociais e nos sites voltados para o mercado musical. Não que sejam, também, méritos exclusivos dos artistas baianos, mas isso reflete como essa geração está em constante diálogo, troca e atualização com seus “conterrâneos” e com artistas e público de todo o país. A internet e as novas redes sociais parecem encabeçar esse movimento, além de projetos e sites especializados que visam expandir o alcance da música independente brasileira, como é o caso do Melody Box, do Conexão Vivo, do Musicoteca e tantos outros. “Concentramos a divulgação nas redes sociais tradicionais, como o Facebook e Twitter, que são espaços abertos, amplos, em que podemos chegar de forma natural até pessoas que não conhecem a banda”, afirma Daniel de Farias, produtor das bandas Expresso Libre e Lunata.

Shows divulgados através de eventos no Facebook, vídeos teaser e cartazes virtuais personalizados com elementos visuais de cada artista se tornaram regras básicas para assessorar uma banda independente em Salvador, e certamente no resto do país. Os perfis dos artistas nas redes sociais precisam ser constantemente atualizados com novas produções, clipping, novidades de bastidores ou apenas para interagir com os fãs/seguidores/amigos. A Suinga criou um grupo no Facebook, não apenas com a intenção de divulgar eventos e projetos da própria banda e de parceiros, mas principalmente de promover a discussão sobre música, em todos os seus aspectos. nana, que se lançou em 2011, preferiu fazer isso através do blog ouvindo nana que reúne além de fotos, vídeos e músicas, postagens escritas pela própria cantora. “Nós sabemos que um músico está sempre produzindo, ensaiando, descobrindo coisas novas. E acreditamos que isso pode ser compartilhado com o público, que se interessa cada vez mais pela construção e pelos bastidores. É uma forma de manter a proximidade e o constante diálogo com o público e com outros artistas”, explica a produtora e assessora de nana, Flávia Santana.

Indentidade visual – Outro fator comum entre os artistas dessa nova geração é o fato de se preocuparem com a identidade visual de cada projeto. Exemplos disso são os projetos gráficos desenvolvidos para capas de EPs (demos), como é o caso de ‘Não esquece o guarda-sol’ da Lunata, campanhas como a feita pela Suinga que propunha que as pessoas “suingassem” suas fotos adicionando a logomarca da banda ou ainda uma excelente cobertura fotográfica dos shows, geralmente feita por fotógrafos que trabalham em parceria com as bandas. A crescente produção de videoclipes é também reflexo desse movimento que visa construir os artistas para além da produção musical, construir um conceito com o qual o público possa se identificar. Por se tratarem de bandas independentes e, portanto, com poucos recursos financeiros para a produção, a maioria desses clipes acontece como uma parceria com amigos que trabalhem com audiovisual, fotografia e design, ou profissionais dessas áreas que acreditem e gostem do trabalho dessas bandas. Além disso, as logos também merecem destaque, já que são o elemento inicial de composição de um conceito visual.

 

 

Logos das bandas Lunata, Suinga e Quarteto de cinco

 

É com esse tipo de preocupação e com todas essas estratégias e muitas outras pontuais – como por exemplo campanhas para votações em concursos e festivais – que a nova geração de músicos baianos vem trabalhando em colaboração e explorando as novas mídias para conquistar novos públicos em todo o país. Os reflexos disso podem ser vistos nas estatísticas de visualizações, fãs, aprovações em editais e seleções para festivais, além de um constante amadurecimento artístico, conceitual e mercadológico desses novos artistas.

 

Leia:

Nova safra de videoclipes baianos faz parte da preocupação dos novos artistas com a identidade visual.

Os cartazes de shows e festivais refletem o cuidado com o conceito visual das bandas.

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