“O mercado (em Salvador) está “viciado” nos mesmos artistas”
- 11/09/2013A produtora baiana Flávia Motta fala sobre os desafios da produção cultural na Bahia e diz que o poder público e empresas devem investir mais no setor
Danilo Pestana e Vander Batista
Formada em Publicidade, Flávia Motta, 31 anos, fez carreira na área de Produção Cultural, principalmente ligada a eventos de música. Atuando de forma profissional desde 2005, é responsável pela produção e divulgação do trabalho da artista Sandra Simões, mas acumula no currículo experiências com vários cantores e cantoras de Salvador, além de artistas de fora do estado, como Leila Pinheiro. Apaixonada pelo que faz, Flávia acredita que Salvador produz muitos bons artistas e deseja que outros estilos musicais, além do axé e do pagode, sejam apreciados por seus moradores e reconhecidos pelo poder público e iniciativa privada.
Impressão Digital 126: Qual sua motivação para trabalhar com produção musical?
Flávia Motta: A produção musical é minha paixão, meu combustível. Trabalho com música desde 2000, quando ainda fazia faculdade de publicidade.
ID 126: Você trabalha de forma independente ou está vinculada a alguma produtora?
FM: Trabalho de forma independente, como microempreendedora individual.
ID 126: Já realizou trabalhos com quais artistas da música?
FM: Administro a carreira da cantora Sandra Simões desde 2006, com quem já passei momentos incríveis. Também trabalhei com outros artistas baianos, como Manuela Rodrigues, Cláudia Cunha, Andréa Daltro, Nara Gil e Pedro Morais. Atuei na produção local de artistas de fora como Fabiana Cozza e Adriana Moreira e fiz produções maiores, como shows de Caetano Veloso e Jau e de Leila Pinheiro.
ID 126: Quais as principais dificuldades para atuar nesse ramo?
FM: O principal obstáculo é conseguir patrocínio para as produções.
ID 126: Mesmo assim, você já teve patrocínio para suas produções?
FM: Poucas vezes… (risadas) Por isso, na maioria das vezes, tive que produzir com pouca ou nenhuma verba.
ID 126: Já buscou editais para conseguir recursos e/ou patrocínios para os eventos de música que coordena?
FM: Vejo que aqui em Salvador essa é a única possibilidade de conseguir apoio. O projeto Três na Folia foi aprovado e foi realizado entre os anos de 2009 e 2011. Em 2010, fiz mais quatros shows com o Três na Folia pelo edital Tô no Pelô. No ano seguinte, a gravação do CD de Sandra Simões foi aprovada pelo FAZCULTURA e, em 2013, ainda com Sandra, ganhamos um edital para realizar o carnaval no Pelourinho.
ID 126: Já teve experiência com produção de eventos em outras cidades?
FM: Tanto em cidades do interior como capitais. Tenho experiências em Santo Amaro, onde a dificuldade para trabalhar na área é ainda maior, pois não há público suficiente e nem incentivo da prefeitura ou iniciativa privada. E já tive oportunidade de produzir em São Paulo, viajando com a banda Afrobailão, com patrocínio, divulgação e todas as despesas pagas.
ID 126: Como você vê o mercado da produção cultural em Salvador, principalmente na área musical?
FM: O mercado está “viciado” nos mesmos artistas e isso dificulta a carreira de outros, com falta de recursos e interesse mesmo. Mas, é preciso entender que Salvador produz de forma efervescente e bela. Temos muitos bons artistas aqui.
ID 126: Quais as expectativas para sua carreira na área de produção?
Desejo muito que o mercado musical de Salvador aposte também na música que se ouve no Brasil, agregando outros estilos musicais, além do axé e do pagode. Isso fará com que os moradores daqui apreciem artistas que fogem a esse padrão. Além de chamar a atenção do poder público e das empresas para que invistam na carreira desses artistas.
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