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O negro no mercado de trabalho da comunicação na Bahia
- 06/06/2011Apesar da ausência de estudos sobre o tema, há quem defenda reserva de vagas nas empresas
Por Renê Santos
Em julho de 2010 foi sancionado pelo então presidente Lula o Estatuto da Igualdade Racial, que tramitou durante sete anos no Congresso Nacional. A lei 12.208 tem por finalidade assegurar a garantia de oportunidades à população negra nas diferentes esferas da vida social. No capítulo que trata dos meios de comunicação não é mencionado reserva de vagas nas empresas do setor. Apesar das organizações e entidades do Movimento Negro reivindicarem maior presença dos negros na mídia.
A população da Bahia é majoritariamente negra como aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o IBGE, na Síntese de Indicadores Sociais de 2010, mais de 75% dos baianos se declararam pretos ou pardos. Em pesquisa de 2009 do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) sobre as desigualdades entre negros e não-negros (classificação de cor ou raça utilizada pelo DIEESE), revelou que, apesar dos negros representarem 84,5% da População Economicamente Ativa (PEA), têm mais dificuldade de inserção no mercado de trabalho.
Em relação ao jornalismo, não há estudos que quantifiquem a presença de negros nas empresas da Bahia. No entanto, pode-se perceber a desigualdade racial em situações pelo país afora, em matérias jornalísticas e pesquisas. A reportagem da ComCiência, revista eletrônica de jornalismo científico, revelou que pela primeira vez, no dia 23 de novembro de 2002, o Jornal Nacional da Rede Globo teve um apresentador negro, Heraldo Pereira. Em 2007, a Fundação Palmares no I Fórum Nacional de TVs Públicas apresentou um estudo apontando que nas emissoras públicas (TV Cultura-SP, Rede Brasil-RJ e TV Nacional/Radiobras-DF) menos de 10% dos apresentadores são negros e apenas 5,5% dos jornalistas são afrodescendentes.
Para a jornalista Ceres Santos, coordenadora do Programa de Educação e Profissionalização para Igualdade Racial e de Gênero (CEAFRO) e militante do Movimento Negro, as medidas compensatórias devem abarcar também o mercado de trabalho, inclusive o da comunicação. “A reserva de vaga minimiza, porém tem que haver mudança de cultura do empregador”, salienta.
Fernando Conceição, professor e pesquisador da Faculdade de Comunicação da UFBA, vê com ressalva a reserva de vagas no mercado de trabalho, pois podem não cumprir sua função, a de inclusão. Ele faz uma comparação com as cotas para mulheres nos partidos políticos. “Ao estabelecer um percentual xis nos partidos políticos para as mulheres, as vagas podem não ser preenchidas por falta de pessoas”, finaliza.
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