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O pagode desce, que desce, que desce?

- 11/03/2013

O pagode da Bahia se afastou de suas raízes e se transformou numa música estranha até para os precursores do gênero

Raulino Júnior

Do Gera Samba à Bronkka. Pode-se afirmar que essa é a linha evolutiva do pagode baiano. De 1994, quando o Gera Samba (que se tornou É o Tchan) estourou com o pout-pourri É o Tchan/Pau que Nasce Torto/Melô do Tchan até 2008, quando A Bronkka surgiu, muita coisa aconteceu no universo musical do gênero oriundo do samba do Recôncavo. Com as transformações, vieram as críticas em relação às letras, à postura de alguns cantores e ao caráter apelativo das bandas. O caminho que o ritmo vai trilhar de agora em diante é uma incógnita para todo mundo. A única certeza é a dúvida contida no seguinte questionamento: será que vai piorar?

 Em entrevista concedida através do Facebook, o empresário Cal Adan, 50 anos, acha que não. Mentor de grupos como É o Tchan, Companhia do Pagode, Gang do Samba, Cafuné, dentre outros, Cal acredita que a tendência será o aparecimento de grupos com a mesma identidade do Gera Samba, que apostava no samba de roda. “Atualmente, o pagode está muito percussivo. Eu não gosto. Sinto falta do cavaco e do pandeiro nas bandas. Os rumos apontam para uma volta do som feito pelo Gera Samba”, avalia. Adan contribuiu para a consolidação do gênero na Bahia e não imaginava que o ritmo fosse ganhar tamanha magnitude. Mas reconhece que há muita coisa de mau gosto nas bandas atuais. “O pagode está desgastadíssimo por causa das baixarias”, critica.

“Retomar a origem é o que vai fortalecer o ritmo”, acredita Caio Coutinho. | Crédito: Tairine Ceuta.

O jornalista Caio Coutinho, 29 anos, ex-diretor do programa Universo Axé, da TV Aratu, também concorda no que diz respeito ao desgaste do ritmo. Em entrevista via Twitter, Caio afirmou: “O pagode atravessa um momento difícil. Uma imagem negativa vem sendo vinculada ao gênero por causa dos escândalos envolvendo alguns representantes. No entanto, acho que é uma fase e vai passar. O fortalecimento do ritmo virá com uma retomada da origem, um pagode divertido. Com duplo sentido, sim, mas não tão sexual nem vulgar”. Contudo, Coutinho vê pontos positivos na cena atual.  Para ele, bandas como É o Tchan, Harmonia do Samba e Psirico são bons exemplos de que investir em letras menos apelativas pode ser uma garantia de sucesso. “Edcity é um bom exemplo disso também. Ele faz uma música boa e consegue chegar a emissoras nacionais, como a Globo. Faz música de protesto, quando necessário, e fala de sexo de maneira amena. Igor Kannário é outro. Apesar de se envolver em escândalos, faz uma música em que o sexo não é o tema principal. Ele faz crítica social”, conclui.

 Por outro lado, há quem não saiba para onde o pagode vai. É o caso do vocalista do Terra Samba, Reinaldo Nascimento, 42 anos. Em entrevista para o Impressão Digital 126, ele foi enfático: “O capitalismo tirou a essência de verdade da nossa música. Não sei, realmente, qual será o futuro do pagode”. Fazendo uma paródia do poema “José”, de Carlos Drummond de Andrade, fica a indagação: e agora, o pagode marcha para onde?

 

Com uma câmera na mão e uma pergunta na cabeça, a equipe do Impressão Digital 126 percorreu o campus da Universidade Federal da Bahia, em Ondina, a fim de saber a opinião das pessoas em relação aos rumos do pagode baiano. No vídeo abaixo, você confere as respostas dos entrevistados.

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