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O preconceito pintado na pele

- 07/12/2011

Num ambiente de trabalho as tatuagens, por mais belas que sejam, podem causar estranheza e até rejeição

Por Carol Aquino e Marilúcia Leal

Diferentes formas, tamanhos, cores, traços delicados ou expressivos, a tatuagem é hoje utilizada por pessoas das mais diversas idades, credo ou classe social. Apesar de ser considerada acessório por uns e caracterizada como modismo por outros, os que possuem a pintura sobre a pele continuam, em certa medida, a carregar os estigmas de uma passado marcado por preconceito e discriminação. Na última década, o número de tatuados cresceu muito, porém as dificuldades na hora de encontrar um emprego ainda persistem para muitos deles.

A especialista em recrutamento Eliana Rezende, sócia-gerente da empresa Fluência RH, explica que há resistência por parte das empresas em contratar pessoas que estampam pinturas no corpo, principalmente se elas são evidentes. Ela conta que na hora da contratação pesam a competência e a tatuagem, e a balança pende mais para o desenho quanto maior for a empresa.  A intolerância aumenta, segundo ela, quanto mais alto for o posto almejado. “Se for algum cargo de gerência ou que exija nível superior, ela tem que ficar bem escondida” – afirma. A especialista acrescenta que, em geral, acredita-se no mito de que as pessoas tatuadas não aceitam muito bem normas e regras. “É complicado mudar essa mentalidade.” – avalia.   Não há na Constiuição Federal Brasileira nenhum artigo que determine a impossibilidade de contratação de um candidato por parte de uma empresa pelo simples fato de o mesmo ter tatuagens. Por isso, a advogada Débora Guirra explica que se a discriminação for explícita é possível entrar com uma ação, pois configuraria crime.

O tatuador Alf, que tem 60% do corpo tatuado, conta que ter muitas estampas é uma forma de divulgação do seu trabalho. Mas não recomendaria que seus filhos fizessem o mesmo antes de escolher um caminho profissional.  “Não deixaria minha filha ter uma tatuagem antes de ela ter uma profissão” – diz categórico.

Retaliação – Conforme observa Alf, a retaliação não acontece às claras: “O preconceito é silencioso. Se você fizer uma tatuagem, pode ser demitido por causa dela, mas não vai conseguir provar”, conclui o tatuador ao relembrar história de amigos que já passaram por este tipo de situação. A dificuldade em se detectar e até mesmo provar por vias judiciais o preconceito sofrido  se dá pelo fato de as empresas utilizarem como premissa o perfil da instituição. “Se um funcionário não se enquadra nesse perfil  não permanece na instituição”, completa a advogada Débora Guirra.

A estudante Fernanda Souza, 20 anos, tem uma grande boneca estampada nas costas e conta que na época em que trabalhou como operadora de central de atendimento em uma clínica, a proibição era insinuada, mas não evidente. “Ao ver o piercieng de uma colega, a coordenadora do setor perguntou logo. ‘ Isso aqui é show de rock, é? Eu andava sempre com o blazer da farda”.  Até mesmo em momentos de descontração não tinha coragem de expor a tatuagem. “Na festa de confraternização, eu até pensei em ir de vestido tomara que caia. Mas na última hora, coloquei um casaco por cima” – revela.

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