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O que as mulheres podem fazer com a tecnologia?
- 25/11/2011Laboratório de informática, instalado na Faculdade de Comunicação da UFBA, oferece oficinas e cursos para mulheres
Por Fernanda Aragão e Marília Moreira
Segundo Graciela Natansohn, professora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas, esta pergunta pode substituir outra muito mais frequente: “O que a tecnologia faz com as mulheres?” Em sua palestra, no II Encontro Mulheres e Mídias Bahia, a pesquisadora destacou a importância de pensar para além, por exemplo, da discussão sobre a exploração sexual das mulheres na internet. Segundo ela, é preciso refletir sobre o papel que tem sido desempenhado pela mulher no uso da tecnologia.
Em entrevista concedida ao Impressão Digital 126, antes da abertura do evento, Graciela Natansohn falou sobre o aumento do número de mulheres que têm utilizado as novas tecnologias, citando uma pesquisa realizada em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ela ressaltou, porém, que as mulheres continuam apenas como “usuárias passivas” e o espaço da criação de softwares, do trabalho em sistemas de informação e em manutenção de computadores e a participação na criação de políticas públicas relacionadas ao uso da internet ainda é majoritariamente masculino.
Justamente para mudar essa realidade, foi criado o laboratório LabDebug que faz parte do projeto de pesquisa e extensão “Mulheres e tecnologia: teoria e práticas na cultura digital”coordenado pelas professoras Graciela Natansohn e Karla Brunet, do Instituto de Humanidades Artes e Ciências (IHAC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
O estranho nome do laboratório é uma referência aos termos “bug” e “debug”, muito usados na informática e que significam um erro e um conserto no sistema, respectivamente. O LabDebug está instalado na sala oito da Faculdade de Comunicação da UFBA, no campus de Ondina, em Salvador. Ele foi desenvolvido com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e conta com 20 computadores ligados à rede, todos eles com software livre. No laboratório, são oferecidos cursos para as mulheres aprenderem a desenvolver, manipular e editar vídeos, áudios e fotografias. Além disso, há a oficina “Caixa Preta”, na qual elas aprendem sobre a parte técnica dos computadores. “A gente abre os computadores e as mulheres mexem no que chamamos de ‘caixa preta’, aquilo que só especialista conhece”, diz Graciela Natansohn.
As aulas são ministradas por professores contratados e, de acordo com Graciela Natansohn, é difícil encontrar mulheres para ministrar as oficinas técnicas: “Não temos mulheres para ensinar isso. Incrível!”, diz espantada.
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