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O que falta
- 04/02/2013O que falta para o rock ser rentável em Salvador?
Clara Marques e Sara Regis
“Mudanças estão acontecendo. Novos projetos, com produtores mais experientes usando ferramentas disponibilizadas pela inciativa pública e privada. Rotas de circulação vão surgindo e uma possibilidade de formar público também. Resta dar continuidade. Acho que se mais gente se puser a trabalhar, como tenho visto tanta gente trabalhando em prol dessas mudanças, podemos ter uma sustentabilidade efetiva para essa fatia de mercado. Mas tem que ir atrás.”
Fábio Cascadura
“Já existem algumas poucas bandas, produtores e músicos que vivem de rock na Bahia, mas de modo geral falta um pouco de tudo. O rock hoje está mais profissional, todavia, tem ainda uma estrada longa até se tornar realmente rentável e auto-suficiente de forma mais abrangente. Não tem grandes nem médios investidores e empresários dispostos a apostar no rock, muitos produtores tais quais muitos músicos acabam indo para outros nichos para se sustentar, o público do rock, que até cresceu bastante, continua sendo proporcionalmente pequeno e segmentado demais. É difícil, mesmo com a internet, alcançar a grande massa, divulgar trabalhos e eventos, trazer as pessoas para os shows. Hoje o rock está muito maior e mais forte do que já foi, mas ainda falta muito.”
Rodrigo Fróes
“Precisamos buscar se profissionalizar mais, precisamos queapareçam os investidores, precisamos que as políticas públicas não vejam com preconceito como foi no passado, porém tenho visto uma melhora e já encontramos artistas iniciando esse processo de trabalho auto sustentável em Salvador, ainda não é o satisfatório, mas sim um embrião.”
Dimmy Drummer
“Acredito que falta principalmente uma mudança de postura dos músicos, empresários, produtores e políticas públicas que apontem nessa direção. Tem gente talentosa trabalhando com seriedade e conseguindo viver de rock aqui na cidade, mas percebo que muito ainda pode ser articulado e trabalhado. Enfim, o lance é trabalhar e amar obsessivamente o que se faz (não acredito em trabalho com música feito sem esse amor obsessivo).”
Eric Assmar
“Falta profissionalismo. E isso envolve toda essa cadeia, desde a especialização, ao incentivo público (esse último tem melhorado bastante). Para se tornar profissional, um passo fundamental é deixar o “hobby profissional” ou o mercado “semi-profissional” de lado. Na cena artística, o que eu observo é que existem muitas pessoas bem intencionadas trabalhando dessa forma. Elas tentam se estabilizar tendo outros empregos, e, em seus tempos vagos, se dedicam ao mercado da música. Só que aí, elas jamais darão o famoso “pulo-do-gato”, que é quando você se joga na sua área e se vê obrigado a desenvolver sua atividade em um nível cada vez mais alto. Quem não acredita, não consegue.”
CH Straatmann
“Acho que falta interesse de empresários, produtores, público etc, porém, não os culpo. Em Salvador, o que vem em primeiro lugar não é a música e sim o evento em questão, a festa, o iêiêiê, o axébabá! rs. Isso é cultural. Sem querer entrar no clichê, aqui qualquer coisa que não seja axé ou pagode precisa da aprovação que vem de fora e isso enfraquece a cena interna da cidade, pois se nós mesmos não acreditamos no nosso produto interno, quem vai acreditar?”
Glauco Neves
“Acho que falta atuação profissional séria, ninguém investe em algo para se ter um retorno em 1 mês, ou seja, é necessário um trabalho de longo prazo, com capacidade e estrutura de se enfrentar e superar os primeiros passos – geralmente os mais duros. Acredito que em Salvador e na Bahia exista público sim, mas acredito que há uma falta de acesso devido a massificação de alguns gêneros, o que faz com que a cultura se limite. Logo um trabalho profissional, no qual se perceba a situação do cenário local e com inteligência atuar aqui da maneira correta faria com que o trabalho vinga-se. Por enquanto não vemos isso e as bandas que se destacam vão construir parte do público fora da Bahia.”
Jorge Chichôrro
“Infelizmente, eu não vejo um caminho para o rock ter retorno em Salvador e na Bahia. O rock daqui é forte exatamente por ser feito por pessoas que são carentes do rock, ou seja, é um rock feito de coração, com alma, vontade, garra e determinação por pessoas que vestem a camisa e estão apaixonadas pelo que estão fazendo. Então é um som que tem uma força muito grande, mas retorno financeiro não tem. Pois, para isso, é preciso de mídia, e, infelizmente, aqui não tem mídia para esse tipo de música. Por isso, eu acho que o rock aqui sempre vai ser underground, para pessoas que estão começando uma carreira ou que estão fazendo por hobby ou curtição. Mas a pessoa pode começar aqui e partir pra fora e construir uma história.”
Ricardo Primata
“É uma soma de fatores que leva uma banda a dar certo, o caminho da música é muito difícil e não existe uma fórmula pro sucesso. O primeiro de tudo é a persistência, acreditar no que faz e dar muito sangue por isso, em seguida vem o talento e todo o resto acaba sendo consequência e também um pouco de sorte. É fato que a cena local é um dos fatores que facilita. Em Salvador, por exemplo, chegou ao ponto que “não tínhamos mais para onde ir”, aproveitamos a oportunidade de lançamento do nosso primeiro disco “Nem Sempre Tão Normal”, em 2009, e fomos passar uma temporada em Sampa e ficamos por lá mesmo. Percebemos que tínhamos chance de expandir nosso som, as coisas foram acontecendo e só fomos ganhar mais espaço na nossa cidade depois que saímos dela.”
Jajá Cardoso
“Aqui em Salvador, isso é uma questão cultural. O que falta é o povo gostar de rock, e não tem como lutar contra. O rock não é rentável porque a gente é minoria na cidade. Por mais que se tenha o poder público criando editais tentando fomentar a diversidade baiana, a população em geral não gosta de rock aqui.”
Leonardo Leão
“Aqui na Bahia, especificamente, os músicos que tocam rock devem se mudar para algum lugar onde as pessoas gostem de rock. Vivemos em uma cidade com uma classe média medíocre e cafona, além de que a maioria da população é desinformada e desinteressada. Os baianos acham que tudo que é feito aqui na Bahia é o supra sumo da beleza e da vanguarda. Ou seja, os baianos acham que a música pop baiana (axé, pagode e arrocha) é a bala que matou Kennedy. Por isso, o melhor caminho é aquele que vai dar no aeroporto ou na rodoviária.”
Mauro Pithon
“Existem bons músicos e o público sempre existiu. Existindo bons produtores e empresários, existirão os investidores. Políticas públicas é uma expressão ignorada pelos gestores públicos.”
Carlos Eládio
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Dá pra viver de rock em Salvador?
Como “se viram” os músicos de rock de Salvador:
– Vivendo de sonho
– Em SP
– Jornada dupla
– Não só de banda, mas na música
– Ainda investindo
– Profissão: “gigueiro”
– Depois do sonho
Depoimentos – como pensam estes músicos sobre: