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Opiniões divergem sobre blocos cristãos em Salvador
- 11/03/2013Cristãos e candomblecista dizem o que pensam acerca da presença de blocos evangélicos no carnaval de Salvador
Darlan Caires e Hilla Santana
O sol estava quente e, assim como ele, o papo foi fervoroso. Mãe Lurdes de São Lázaro não pensou duas vezes quando questionada sobre o seu posicionamento quanto a participação dos evangélicos no carnaval de Salvador. “Eles criticam tudo, eles misturam tudo”, diz. Com o filho evangélico, Mãe Lurdes confessa que já teve parte das coisas do candomblé queimadas por conta da conduta do filho na religião protestante.
Ao contrário de Mãe Lurdes, o padre Cristovão Pazychoki, da Igreja de São Lázaro, não se diz contra os protestantes na festa, apenas reafirma o posicionamento do catolicismo diante ela. “Nós não somos contra carnaval, festa e dança porque tudo isso faz parte da nossa vida. Nós somos contra o desrespeito humano, a desigualdade, coisas que acontecem no carnaval”, afirma. Este ano foi a primeira vez que o padre polonês visitiou o carnaval de Salvador.
Em concordância com o padre; o pastor Elson de Souza, presidente da Igreja Batista do Garcia e fundador do bloco carnavalesco gospel Espiritual, o carnaval também é sinônimo de alegria. Mas, a religião não compartilha de tudo o que acontece na festa. “Esse período é muito próprio para celebração. Temos nossas alternativas para despertar a alegria durante a festa”, conta.
A professora de Língua Portuguesa e também protestante, Isabel Lima, conta que já participou de eventos que tem propostas parecidas com a do carnaval, mas não repetiria a experiência por não se identificar com tudo o que compõe a festa. “Já fui em ‘Marchas para Jesus’ (evento gospel que simula os blocos evangélicos e acontece em todo o País). Gostei, mas percebi também que tinha muita confusão. Hoje em dia não iria mais porque há algumas pessoas que dançam de forma sensual”, comenta.
A estudante universitária Thais Mascarenhas também já viveu uma experiência parecida com a de Isabel e possui opinião similar. “Vi algumas mulheres (e alguns caras também, mas principalmente mulheres) rebolando, descendo até o chão. Só que aquilo não era lugar para as pessoas se comportem desse jeito”, revela Thais.
“Nossa intenção no carnaval, com o bloco, é trazer música com mensagem cristã na presença de músicos, vários deles egressos do próprio carnaval de Salvador”, propõe o pastor Souza ao enfatizar o propósito do bloco na rua. Além disso, ele também conta que cada vez mais igrejas têm aderido ao carnaval de Salvador. “Essa é uma atitude desafiadora de ser igreja na cidade. Celebrar a fé, a comunhão, e compartilhar as boas novas e contar para os outros”, diz. Segundo o pastor, cerca de 100 igrejas na cidade participam do Bloco Evangélico Espiritual.
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