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Orquestras movimentam cenário da música clássica em Salvador

- 21/11/2011

Concertos têm público cada vez mais variado e aproximam os soteropolitanos da música clássica

Por Camila Queiroz e Paula Amor

Concertos cheios, ingressos com preços acessíveis, jovens musicistas. Estas são as tendências que o Neojibá (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) está trazendo para o cenário da música clássica em Salvador, movimentado também pela Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) e Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia (OSUFBA)

Apresentações do Neojibá trazem novo gás para música clássica em Salvador. Foto: Tatiana Golsman

As apresentações do Neojibá na capital baiana e a sua recente projeção internacional estão trazendo um novo gás para a música clássica em Salvador e mostram que esse seguimento musical também tem seu espaço na Bahia. Criado em 2007 pelo maestro baiano Ricardo Castro, o Neojibá é composto por 582 crianças e jovens que têm a oportunidade de aprender a tocar instrumentos, participar de orquestras e corais. O projeto é inspirado no programa venezuelano “El Sistema” e mantido pelo governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura (Secult) e Fundação Cultural (Funceb).

O objetivo do Neojibá é a integração social de jovens e crianças a partir da prática orquestral coletiva e a multiplicação de conhecimento. “O Neojibá é um projeto maravilhoso, chegou em uma hora muito boa. Ele não é um projeto pioneiro no Brasil, mas chegou com muita força, com um apoio muito forte do Estado”, afirma Heinz Schwebel, diretor da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

 

Keila Salgado acredita no crescimento social trazido pelo projeto. Foto: Paula Amor

Keila Salgado, 17 anos, toca violino no Neojibá e acredita no crescimento social trazido pelo projeto. “Aqui a gente aprende a conhecer pessoas diferentes e, musicalmente, a evolução muito grande. Cresci muito através da musica”, conta a jovem violinista. Em depoimento, Paulo Vitor Augusto Ferreira, 9 anos, conta que a prática orquestral contribui para os seus estudos. “[A prática] ajuda na matemática. Na teoria tem algumas coisas que usa matemática e números”, afirma.

Música clássica mais popular Atualmente, o Neojibá contribui para a popularização da música clássica em Salvador. Como afirma Beth Ponte, diretora administrativa do projeto, “a gente tem tido uma resposta de público muito impressionante nos últimos tempos. Um dos motivos é a política de preços populares que a gente adota, justamente para incentivar um público mais amplo e mais diverso”. Os concertos da temporada custam R$ 4,00 a inteira e há apresentações aos domingos que custam R$ 1,00.

Além disso, o Neojibá realiza concertos didáticos, com foco no público infantil, nos quais apresentam várias composições e explicam os instrumentos de forma lúdica. O projeto também busca, através da música de câmara, sair dos palcos e se apresentar em diferentes pontos da cidade, como já aconteceu na Livraria Cultura e na Aliança Francesa. O resultado destas ações tem sido a diversificação do público, como observa Beth Ponte. “O público é muito variado, vem de diversas partes da cidade e de todas as classes sociais. A gente quer realmente desmitificar essa ideia de que música clássica é erudita, para poucos”.

Abner da Silva Pinto, 17 anos, toca fagote no Neojibá e acredita que ajuda seus amigos a ter outra opinião sobre música clássica. “Meus amigos acham um pouco careta. Mas eles têm mudado um pouco de pensamento, porque o Neojibá tem uma energia que muitas outras orquestras não têm. E isso mexe com as pessoas também”, relata.

Orquestra Sinfônica da Bahia Também mantida pelo governo do estado, a OSBA é outro expoente da música clássica em Salvador. Regida atualmente pelo maestro Carlos Prazeres, a OSBA, em seus concertos, busca apresentar a música clássica ao público de uma maneira particualr, conectada com o contemporâneo. A sua criação em 30 de setembro de 1982, foi um marco na história da música clássica em Salvador. “A criação da OSBA foi muito importante, porque se abriu o mercado, se profissionalizou uma orquestra”, conta o diretor da Escola de Música, Heinz Schwebel. A sua história é marcada por diversas apresentações internacionais e com participações especiais de Luciano Pavarotti e Ballet Bolshoi, por exemplo.

Apesar do Neojibá e da OSBA realizarem apresentações regulares na capital baiana, o conhecimento dos soteropolitanos sobre elas ainda é deficiente. Schwebel aponta o fraco apelo midiático e a escassa verba destinada à divulgação como fatores que contribuem para a pouca visibilidade dada aos concertos de música clássica na mídia. Thiago Rodrigues, assessor de Comunicação e Relações Internacionais do Neojibá, conta que sente dificuldade, junto à assessoria, de emplacar a música clássica nos meios de comunicação. “É mais fácil quando temos eventos importantes e de grande porte. Mas no geral é difícil. O público ainda não está acostumando com isso. É um trabalho feito a conta gotas mesmo”, relata Rodrigues.

“A orquestra ainda é uma instituição cheia de mistério. Existe uma falta de informação sobre o que é um ambiente de uma orquestra sinfônica, o que o músico faz. Ainda tem gente no Brasil que acha que músico não é profissão. A gente aos poucos vai mudando essa percepção e acho que o Neojibá vai contribuir para isso”, afirma Schwebel, que acredita na popularização da música clássica em Salvador.

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