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Pelo resgate do parto natural

- 12/12/2011

Em pleno século XXI, existem profissionais da Medicina que defendem a concepção de bebês através de um modo bem antigo, realizado pelas parteiras. Mas por quê?

Por Laís Gomes e Renato Oselame

Agora é oficial: de acordo com dados do Ministério da Saúde, realizam-se mais cirurgias cesarianas do que partos naturais no Brasil. O número de intervenções cirúrgicas para o nascimento atingiu os 52% de todos os partos realizados no país. O número dos dois modos de procedimento já haviam se igualado em 2009, mas apenas recentemente foram divulgados dados mais atualizados. A Organização Mundial da Saúde estabelece que o limite ideal para esta relação deveria ser 15% de cesarianas.

Ainda segundo o estudo, diversos fatores concorrem para isso: o fato de que muitos médicos atuam em redes privadas e públicas e acabam transferindo a indicação do procedimento cirúrgico (tão recorrente nos hospitais privados) para o Sistema Único de Saúde (SUS), a deteriorização da formação médica com profissionais formados sem terem executado sequer uma vez o parto normal, etc. Mas o fato é que a cesariana deixou de ser a exceção para se tornar a regra.

Nos hospitais particulares, a operação já representa 82% dos partos e nos últimos dois anos, no  SUS, a porcentagem de realização deste procedimento cresceu em 13%. Observando os números, parece que é mera questão de tempo até que o parto natural seja substituído pela cirurgia.

Quem preferiria realizar o nascimento do próprio filho a partir de técnicas que supostamente remetem ao início da história da humanidade, apenas com o auxílio de uma parteira, em pleno século XXI? Parece sedutoramente mais seguro confiar na Ciência e executar um pequeno corte, trazer a nova vida à luz e assepeticamente suturar a abertura. Pronto, está realizado o seu parto.

Mas o que é o parto humanizado mesmo? – Médicos e especialistas que apóiam o parto natural defendem a necessidade de humanizar este procedimento. Seria possível que, em procedimentos tão apoiados no aparato técnico-científico da Medicina, estaríamos nos esquecendo o verdadeiro significado de dar à luz?

O fato é que antes de responder a essa pergunta, é necessário ponderar. O parto humanizado permite que a gestante fique no controle da situação: é ela quem escolhe onde vai dar a luz, em que posição, quem estará presente no quarto, se haverá filmagem ou não, etc. Esta provavelmente é a opção que dará à mãe uma experiência mais bela do que é se tornar mãe. Já a cesariana oferece o conforto de uma injeção peridural para aliviar a dor e a confiança de ter uma equipe médica pronta para atendê-la em caso de complicação. Mas, seja lá qual for sua opção, nenhuma forma de concepção é isenta de riscos.

O fato é que nem todos estão dispostos a aceitar a hegemonia das cesarianas. Pelo contrário.  No final do mês de agosto, foi inagurado em Salvador, no bairro de Pau da Lima, o Centro de Partos Normais. Fruto de uma parceria entre a Mansão do Caminho (importante centro espírita da capital soteropolitana, coordenado por Divaldo Franco), o Sistema Único de Saúde e a maternidade Albert Sabin, o local foi criado para se tornar referência em parto humanizado.

Em seus três andares, o centro tem capacidade para realizar 130 partos por mês, mas por ser recente, muitas mães sequer conhecem o trabalho desenvolvido lá, de modo que só ocorreram 46 partos até o início de dezembro. Existem cinco quartos PPP (pré-parto, parto e pós-parto), visando atender às necessidades relativas ao nascimento do bebê. Em caso de complicação médica durante o procedimento, a paciente é deslocada para maternidade Albert Sabin, em Cajazeiras, em uma ambulância que permanece 24 horas no centro.

Leia:

Parto humanizado em Salvador: conheça mais o Centro de Parto Normal na Mansão do Caminho

Por que fazer o Parto Humanizado? Entrevista com a obstetra Cristiane Torres

O relato de duas mães que passaram pela experiência do parto humanizado

As fases, vantagens, desvantagens e curiosidades do parto na Wikipédia

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