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Pelourinho Cultural tenta mobilizar o Centro Histórico
- 11/09/2013Na tentativa de atrair artistas e o público em geral, projeto administra as apresentações musicais no Centro Histórico de Salvador
Cláudia Guimarães e Laís Rocha
A diretora e a coordenadora do setor artístico do Centro de Culturas Populares Identitárias (CCPI) do Pelourinho, Arany Santana e Thelma Chease, respectivamente, conversaram com a equipe do Impressão Digital 126 para esclarecer algumas das dúvidas sobre as atividades desenvolvidas no Centro Histórico e explicaram como funciona a seleção e a organização de eventos durante todo o ano.
Cada vez mais a movimentação de pessoas no Pelourinho vem aumentando, principalmente depois do período das chuvas. No entanto reconhecemos que não é o ideal, principalmente na baixa estação. Thelma Chase
Impressão Digital 126 – Muitas pessoas ainda compartilham do senso comum de que a região do centro da cidade é muito violenta e não tem infraestrutura, principalmente quando se fala do Pelourinho. Como vocês trabalham para atrair o público tendo em vista essas problemáticas?
Arany Santana – Quem primeiro tem que desmistificar isso são os comerciantes. A nossa competência é fazer a gestão das praças, proporcionar boas condições de palco, infraestrutura, promover a apresentação de artistas, esse é o nosso papel. O Pelourinho já teve a sua fase áurea, mas eu avalio que hoje começa uma fase de bastante produtividade, onde há uma diversidade, democracia, esse é um grande avanço. Quando nós chegamos aqui, há dois anos, o discurso era o mesmo, nós dobramos a programação do Pelourinho Cultural e com isso atraímos mais gente para cá. Mas temos que avaliar que muito do comércio daqui é voltado para o turismo, principalmente o artesanato, a moda. Eles também têm que colaborar e diversificar.
ID 126 – Como está a movimentação de soteropolitanos dentro do Pelourinho?
Thelma Chease – Nós aqui do Centro avaliamos que cada vez mais a movimentação de pessoas no Pelourinho vem aumentando, principalmente depois do período das chuvas. No entanto, reconhecemos que não é o ideal, principalmente na baixa estação. Há muita coisa acontecendo, mas precisamos melhorar bastante e contamos com os artistas para isso.
ID 126 – Como é planejada a grade de apresentações culturais nos largos do Pelourinho?
TC – Durante todo o ano realizamos chamadas públicas por meio de edital para cadastramento de artistas. Como previsto no edital, no máximo, a cada dois meses, cada artista tem uma apresentação garantida em um dos largos. Atualmente, temos 203 artistas cadastrados e cerca de 30 a 35 shows por mês. A última chamada deste ano ainda está aberta e se encerra no dia 16 de setembro.
ID 126 – O número de artistas credenciados é bem expressivo. Como é feita essa seleção?
AR – Os artistas participam por meio de ficha de inscrição, enviam release e um CD ou DVD. Analisamos tudo, mas principalmente a qualidade musical e as letras das músicas. Nada que ofenda a mulher ou que fomente o preconceito passa, nós somos muito rígidos quanto a isso. No entanto, vale ressaltar que essas chamadas públicas não são apenas para bandas. Elas se destinam a qualquer manifestação popular, dança, teatro, ocupação das praças. Acredito que essa iniciativa ajuda os grupos de pequeno e médio porte, que ainda não têm visibilidade na grande mídia, oferecendo espaços de qualidade. Até porque, aqui em Salvador,os espaços para eventos estão cada vez mais escassos.
ID 126 – E como fica a situação de quem não é cadastrado, mas quer realizar um evento?
TC – Nós trabalhamos com solicitação de pauta, nas quais muitas vezes entramos como parceiros na disponibilização de palco, som e luz. No site do Pelourinho Cultural tem o formulário de solicitação de pauta e mais informações detalhadas sobre o assunto.
ID 126 – De que forma a divulgação dessas atividades do Pelourinho é feita? Vocês consideram eficaz?
AS – Nós temos a Assessoria de comunicação (Ascom) do Pelourinho e a da Secretaria de Cultura que trabalham em parceria. Quando o artista encaminha o material de divulgação para nós, fazemos a distribuição desse conteúdo por todos os setores para que sejam divulgados, mas é imprescindível que o artista também se empenhe nesse processo. Avalio esses shows como grandes vitrines para os artistas fazerem o seu trabalho com dignidade e qualidade.
ID 126 – Outra disputa frequente ocorre em relação aos largos. Como é feita a distribuição das atrações?
TC – Nós analisamos os segmentos musicais que se apresentam no Pelourinho desde a época do projeto “Pelourinho Dia & Noite”, que começou há 20 anos. Agora o projeto se chama Pelourinho Cultural e a partir deste estudo conseguimos perceber que há uma frequência de apresentação de grupos de samba, por exemplo, no Largo Quincas Berro D’água, de teatro no Largo Pedro Arcanjo, principalmente pela estrutura do palco que é melhor, e assim por diante. Mas não somos rígidos quanto a isso, sempre há uma negociação.
ID 126 – Falando de samba, existe algum olhar diferenciado do CCPI para fomentar o gênero?
AS – Olhe só, política especial não há, mas temos os meses temáticos e tentamos sempre, a cada mês, fazer uma programação que englobe a todos. O público do samba é maravilhoso, para nós e para os comerciantes. Não tem tumulto, vem a família toda, sendo de dia ou de noite. Agora em dezembro, em comemoração ao Dia do Samba (02), vamos movimentar todo o Centro Histórico para isso. Serão atividades em todas as praças e o grande palco no Largo do Pelourinho como sempre. Se programem, vai ser massa.
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