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Ponta de Humaitá sofre com poluição ambiental e falta de segurança
- 16/07/2013Ponto turístico da Península Itapagipana se transformou em referência de degradação e descaso do poder público
Gabriela Cirqueira e Karen Monteiro
O pôr do sol da Ponta de Humaitá é uma das principais lembranças da infância da estudante Jessyca Simões. “Lembro que costumava passear com meus pais por aqui aos sábados e como isso era bonito. É triste passar, hoje, e ver esta beleza natural ofuscada pelo lixo”, comenta. A insatisfação com a degradação de um dos principais pontos turísticos da Península Itapagipana é um sentimento compartilhado entre os moradores da região, que reclamam do abandono por parte do poder público na rota de investimentos feitos em segurança e revitalização de Salvador para a Copa do Mundo da FIFA.
Além dos habitantes locais, comerciantes da região ressaltam a falta de segurança, atualmente, administrado pelo Parque de Manutenção do Exército. “O comércio quase não existe durante a semana por conta do movimento fraco e, mesmo com a presença do Exército, é perigoso. A marginalidade se aproveita do abandono para roubar os visitantes e os trabalhadores”, ressalta o vendedor ambulante Amilton Rodrigues.
O desejo de mudança impulsionou o surgimento do Coletivo Sonoro Ambiental, idealizado pelos próprios moradores do lugar há pouco menos de um ano. Por meio de intervenções artísticas, o coletivo pretende despertar a importância da coleta seletiva e da consciência ambiental nas pessoas que frequentam a Ponta de Humaitá. As ações do grupo acontecem com frequência aos domingos, dia em que um número grande de pessoas circula pelo local, e tem como principais atrações apresentações musicais e peças teatrais do “Gruporacaso”. O coletivo também promove ações efetivas, como a coleta seletiva de lixo, não só na Praia da Ponta de Humaitá, como na Praia da Boa Viagem, também próxima ao local.
“O objetivo principal do coletivo é despertar a consciência ambiental da população que frequenta a Ponta de Humaitá para que ela volte a ser limpa e bem cuidada”, destaca Mano Link, um dos fundadores do grupo. “Não há caminho melhor do que a arte para alcançar esse objetivo, que é deixar o Humaitá mais bonito do que ele já é. A natureza já fez a parte dela, só falta fazermos a nossa”, conclui. O grupo também promove suas atividades em outros pontos da região, como a Baixa do Bonfim e o Largo da Boa Viagem, com objetivo de chamar atenção até mesmo das pessoas que não têm o costume de frequentar o ponto turístico.
O empresário Thiago Sampaio destaca a importância das intervenções do coletivo. “Acho muito interessante a ação do grupo. Tentar conscientizar as pessoas por meio da música, da arte, é um meio simples e eficiente. Conseguimos perceber a mudança no comportamento dos que assistem na hora”. Porém, a contadora Polyana Carneiro alerta que essas mudanças nem sempre são efetivas. “Percebo que as mudanças são de momento, porque no dia seguinte já tem gente aqui jogando lixo no mar. Acho que uma transformação real só vai acontecer com a intervenção de algum órgão público responsável”, alerta a estudante. Até o fechamento da matéria, os órgãos responsáveis contactados (Semop, SSP e a assessoria do Parque de Manutenção do Exército) não quiseram dar entrevista para falar sobre os problemas elencados por moradores e comerciantes.
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