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Por trás do estandarte: um olhar apurado sobre os ternos de reis da Bahia
- 04/02/2013A cidade de Salvador possui seis ternos e mantém a força da tradição de uma festa que une adultos e crianças em desfile com muitas cores e fantasias.
Mayara Azevêdo e Tunísia Cores
Salvador, Região Metropolitana, Ilha de Itaparica e Chapada Diamantina. Essas e outras regiões da Bahia são conhecidas pela folia de Reis. Na capital do estado, a associação que congrega os ternos locais é a União dos Tradicionais Ternos e Ranchos de Reis e Bailes Pastoris da Bahia, que está há oito anos sob a presidência de José Jerônimo Santos (65). Somente em Salvador existem seis ternos: Estrela do Oriente (Liberdade), Ciganinhas (Coutos), Dos Astros (Mussurunga), Da Lua (Santa Rita), Anunciação (Lapinha) e Rosa Menina (Pernambués), o mais antigo existente em Salvador.
“Rosa Menina é o nome de uma flor, uma rosa bem pequena. Silvano sempre foi muito ligado à natureza e se encantou com essa rosa pela sua simplicidade, beleza e seu perfume.” Revela Isabel Nascimento, atual coordenadora e também filha do fundador do Terno Rosa Menina, a quem se refere em sua fala. Sendo o mais antigo e tradicional terno soteropolitano, fundado em 1º de novembro de 1945 por Silvano Francisco do Nascimento, surgiu no bairro de Brotas, migrando, 10 anos depois, para Pernambués, onde permanece a sede até hoje.
O nome também simboliza a participação de pequenos figurantes, que se transformam em personagens importantes durante o desfile, a exemplo dos três Reis Magos, da estrela cadente, que indicou aos reis o caminho para encontrar o Menino Jesus, e da própria Rosa Menina, que simboliza Nossa Senhora.
Um grupo composto por adultos e crianças, está engajado na preservação da festa de reis, que é passada por gerações. “O Rosa Menina representa tudo. Não só em relação ao patrimônio cultural que ele significa para os organizadores e para a cultura do Terno de Reis, mas o carinho, afeto da família mesmo […] Não há a obrigação de dar continuidade, mas há muito amor, principalmente”, afirma Regina Nascimento, também filha de Silvano.

Figurantes do Terno Rosa Menina em desfile no Pelourinho - Fonte: SECOM BA
Anunciação – Andrei Ramos, cantor, dançarino e animador do Terno da Anunciação, com apenas 13 anos, conta que participa da festa desde que “se entende por gente”. O Terno da Anunciação é o mais novo de Salvador, mas o primeiro a desfilar no dia da folia, justamente por ter a função de anunciar a chegada dos demais ternos da folia de Reis.
“Pra mim o terno traz vida por onde passa. É só ver como a comunidade ficou durante os quatro anos que não tivemos a festa”, afirma o garoto Andrei, fazendo referência aos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010, que sucederam à saída de José Souza Pinto, mais conhecido como padre Pinto, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, situada na Lapinha, também criador do Terno da Anunciação, existente há mais de 40 anos.
“Ele foi uma inspiração para todos nós, tirava todo o custo do próprio bolso. Ele adorava isso aqui”, relembra Naíde de Carvalho, coordenadora do Terno da Anunciação, sobre a atuação do religioso na festa. Durante o desfile, o padre se vestia como o orixá Oxum, cantando e dançando pelas ruas. Daí o motivo do padre Pinto ganhar fama por suas excentricidades e sua maneira de agir, que iam de encontro a alguns valores pregados pela Igreja Católica.

