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Práticas alternativas de exercícios invadem o mundo fitness
- 14/08/2013Atividades como o tecido circense, acroyoga e pole dance surgem como meios alternativos de se exercitar
Gabriela Cirqueira e Karen Monteiro
Os aparelhos e aulões das academias não são mais a única opção para quem deseja se exercitar, mas não consegue se encaixar na rotina dos treinos. Atividades como o pole dance, a acroyoga e o tecido podem ser uma alternativa para a maioria dos brasileiros, uma vez que apenas 14% da população do país não pratica qualquer exercício físico.
De acordo com a professora de tecido e estudante de Dança da UFBA Aline Amado, a maioria dos praticantes de tecido busca a atividade como meio alternativo para se exercitar. “Muitos dos meus alunos contam que ficavam sedentários não por preguiça, mas por falta de opção, por não se sentirem à vontade no modelo convencional, dentro das academias”.
Durante as aulas, são ensinados pontos chaves de sustentação, onde o acrobata controla os movimentos, os nós do tecido e a velocidade, desenvolvendo flexibilidade, coordenação motora e condicionamento físico. “Eu trago o tecido em uma abordagem mais contemporânea, acrescentando também elementos da dança e da acroyoga. Eu não costumo planejar as minhas aulas, primeiro analiso o perfil dos alunos para, a partir dai, desenvolvê-las”, pontua a instrutora.
Agamenón de Abreu, ator e o único homem nas aulas ministradas por Aline, conta que a experiência do tecido vai além do exercício e também envolve arte. “Eu acabei incorporando elementos do tecido acrobático no meu espetáculo, A Ave, em cartaz no Teatro Gamboa Nova. Para mim, a descoberta do tecido veio contribuir não só como um trabalho aeróbico, mas principalmente como criação artística”, revela o ator.
A acroyoga mistura elementos de yoga, acrobacia e massagem thai. A atividade é desenvolvida por um grupo de pessoas que se reúne aos domingos na Praia do Buracão, Rio Vermelho, com o compromisso de treinar e desenvolver a prática. Segundo Aline, que se divide entre as aulas de tecido e os treinos da equipe, o interesse surgiu depois da realização de uma oficina de acroyoga, em janeiro de 2013. “A gente utiliza o livro Acroyoga Flight Manual, de Jason Nemer e Jenny Sauer-Klein, como base para evoluir nos movimentos. Eu não sou professora de acroyoga, muito menos mestre de yoga. O que acontece é um interesse mútuo de todas as partes de querer aprender e dominar uma prática que não existe em Salvador”.
Segundo Aline, além do condicionamento físico, a acroyoga desenvolve uma consciência corporal e exige compatibilidade com o parceiro. “A acroyoga exige uma sintonia muito boa entre os parceiros, se um faz algo que está fora do tempo, fora da sincronia, reverbera no outro e desorganiza o movimento. É uma coisa de sentir muito o outro. Exige uma reciprocidade contínua”, pontua.
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*Fotos: Eduardo Gonzalez
Outra modalidade que se destaca na categoria é o pole dance, tradicionalmente conhecido como uma dança performática de boates, a prática ganhou espaço no mercado das atividades físicas e já conta com um órgão representativo: a Federação Brasileira (FBPOLE). Desde 2009, a entidade tem preparado atletas de todo o país para campeonatos como o internacional Pole World Cup e o Campeonato Brasileiro de Pole Dance, que acontecerá em setembro deste ano. Dentre as 18 finalistas está a capixaba Erika Thompson, instrutora da Academia de Pole Dance da Bahia, a primeira do ramo em Salvador.
A atleta se divide entre as aulas para cerca de 50 alunas, e o treinamento para a competição. Segundo ela, a prática ainda é majoritariamente feminina pela estigmatização do caráter sensual associado aos movimentos. ”Quero que as pessoas vejam o pole dance como esporte que um homem pode praticar, uma menina, um adolescente, uma criança, qualquer pessoa. Se você se prende ao aspecto sensual, ou só a dança, você restringe esta acessibilidade. É uma atividade tão boa, que traz tantos benefícios que eu quero que todo mundo faça”.
A estudante de Enfermagem da UFBA Thais de Andrade destaca os aspectos negativos da falta de informação e divulgação do pole dance. “Quando as pessoas descobrem que você faz pole dizem que querem ver uma performance, não entendem que é um esporte de resistência, força física e flexibilidade. Simplesmente restringem a atividade aos movimentos sensuais e nem imaginam o quanto é difícil realizá-los”.
Miscelânia da luta indiana mallakhambe de movimentos circenses, a atividade trabalha com cerca de 300 movimentos que desenvolvem a musculatura corporal de regiões como pélvis, glúteos, bíceps e abdômen. Praticante há três meses, Thais acabou de iniciar a fase intermediária dos treinamentos e já tem percebido estes benefícios. “O corpo fica mais torneado e ao decorrer das aulas a resistência física aumenta. Como mudança pessoal eu considero o pole uma ótima distração mental e física, já que fico ansiosa para que os sábados cheguem. O treino é viciante”, afirma.
Além do caráter alternativo como modalidades esportivas, acroyoga, tecido e pole dance tem como ponto em comum a recomendação de prática por profissionais da área de saúde. Para a fisioterapeuta Gabriela Carneiro, as atividades são positivas por trabalharem regiões musculares que garantem equilíbrio para o corpo humano. “Todos esses exercícios trabalham muito a musculatura tônica, responsável pela manutenção da postura, além de exigir muito da musculatura abdominal, que é o nosso centro de força (power house), dando estabilidade e equilíbrio”, pontua.
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