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Produção da informação: tarefa exclusiva do jornalista?
- 08/06/2011O desenvolvimento de novos recursos como os blogs e redes sociais democratizaram o acesso e a produção de notícias e configuram um desafio para o jornalista
Por Jairo Gonçalves
A interferência do ciberespaço no fazer jornalístico não se limita a diferença na forma de apurar as informações. Com a possibilidade de maior participação dos leitores na construção da notícia, a internet é um dos meios responsáveis pelo alargamento do campo jornalístico. A partir dela, várias pessoas passam a produzir e reproduzir em seus blogs e sites, conteúdos que podem ser caracterizados como de relevância jornalística.
Para o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e um dos fundadores do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line (GJOL), Elias Machado, as informações relevantes podem ser difundidas por qualquer pessoa ou organização independente de qualquer vinculação com o Jornalismo. Ele ainda afirma que “muitas vezes e, cada dia mais, o Jornalismo está associado a informações irrelevantes do ponto de vista econômico, político e cultural, mas que podem ser interessantes em termos de entretenimento”.
A polêmica em torno dessa questão é um problema que os jornalistas enfrentam. Alguns, em diferentes níveis, conseguem aceitar e reconhecer o conteúdo disponível na rede como de caráter jornalístico. Outros preferem reafirmar a importância da edição desse material por um profissional qualificado. É o que destaca Giácomo Mancini, gerente de jornalismo da TV BAHIA, “Acho que tudo que envolve conteúdo denominado jornalístico deve ser pautado, editado e publicado por jornalistas, acho que não tem outra forma”.
Uma das consequências dessa democratização do acesso à produção da informação tem se refletido no mercado de trabalho dos jornalistas. O impacto dessa transformação pode ser percebido nos casos de demissão de jornalistas em alguns veículos impressos, como vem ocorrendo em Salvador .
De acordo com a presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), Marjorie Moura, esse cenário é apenas uma fase, porém, ela reconhece que o jornalista deve se adaptar as necessidades do público. “Você não é só jornalista de impressso, de TV ou de assessoria, você é essencialmente jornalista e deve estar atento às mudanças que estão acontecendo”, ressalta.
Para a jornalista Ida Sandes, os profissionais devem entender que a internet é uma ferramenta que permite veicular e acrescentar conteúdos que não puderam ser publicados em outros meios.
É partindo dessa compreensão que os profissionais estão buscando cada vez mais uma formação que possibilite não só um vasto conhecimento, como também o contato com os novos meios digitais que viabilizam o fazer jornalístico. E para isso surge o jornalista multimídia que Ida Sandes acredita ser o dilema do profissional contemporâneo, lidar com várias ferramentas e ao mesmo tempo desenvolver com excelência a atividade básica para qual foi contratado.
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