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Produção de mulher cientista na Bahia carece de reconhecimento
- 13/07/2011Mesmo com ampla participação nas pesquisas científicas do estado, comprovada por registros do CNPq, a mulher cientista ainda é invisível
Por Avana Cavalcante e Edna Matos
Uma pesquisa do Núcleo de Estudos de Gênero e Sexualidade, da Universidade Estadual da Bahia, busca mapear as cientistas no estado da Bahia com o objetivo de identificar as mulheres baianas que atuam ou atuaram nas grandes áreas do conhecimento.
Suely Messeder, professora de Antropologia da Uneb e coordenadora do Nugsex, conta que a idéia do mapeamento surgiu, em 2009, a partir da realização do evento “Ciência com Dendê”, que pretendia homenagear os grandes nomes da ciência baiana através de pôsteres biográficos, porém não fazia referência a nenhuma mulher. Esta invisibilidade a instigou a pesquisar a produção científica feminina no estado.
A pesquisa começou em 2010 e está sendo feita via internet e através de visita aos departamentos ligados a pesquisa da Uneb e da UFBA com a pretensão de se estender para outros centros de pesquisa na capital e interior do estado. Os primeiros resultados estão sendo reunidos em um catálogo a ser publicado no próximo mês de agosto.
Para Suely Messeder, um dos fatores para a invisibilidade do trabalho científico feminino é o androcentrismo da ciência, além disso, “a pesquisa científica é um projeto de família e, se não há apoio familiar, as mulheres interrompem a carreira”.
A maior presença das mulheres em áreas consideradas tradicionalmente como femininas é outro desafio que precisa ser vencido. A professora e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia, Graciela Natansohn, acredita que o problema existe porque a maioria das mulheres é educada para sentir-se segura em áreas relacionadas aos cuidados como enfermagem e educação: “A falta de autoconfiança, produto das “crenças” sobre as competências femininas incorporadas pelas próprias mulheres, as impedem de disputar vagas nas áreas das tecnologias estratégicas”, afirma a coordenadora do Projeto de Pesquisa e Extensão Mulheres e tecnologia: teoria e práticas na cultura digital, criado com a também pesquisadora e coordenadora Karla Brunet. O projeto desenvolve ensaios, cursos e encontros, na Faculdade de Comunicação da UFBA, através do laboratório de práticas, o LabDebug, que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).
Suely Messeder ainda enfatiza que a principal importância de sua pesquisa é a busca pela visibilidade como forma de incentivo ao surgimento de novas pesquisadoras: “As meninas quando vão a uma exposição e só vêem homens retratados nos pôsteres biográficos, não se identificam com a área de pesquisa, pois passam a acreditar que realmente ciência não é um lugar para elas. É necessário realmente dar visibilidade para poder influenciar as novas gerações”, afirma.
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