Tags:Jornalismo, Jornalismo participativo, Lorena Morgana, salvador
Profissão: repórter (por acaso)
- 13/07/2011A jornada de uma garota de 17 anos, que desbancou veículos de imprensa de Salvador, demonstra potencial do jornalismo participativo
Por Felipe Campos
Eram pouco mais de 19h quando as primeiras notícias chegaram às redações de Salvador sobre um incêndio em uma delicatessen de um bairro nobre da capital baiana. Uma segunda-feira, 30 de maio. Dos jornalistas, aqueles que usavam redes sociais foram os primeiros a descobrir o acontecido.
A partir das tuitadas que relatavam a forte fumaça que saía do Centro de Gastronomia Perini (a delicatessen em questão), no bairro da Graça, veículos de imprensa foram atrás das tradicionais fontes de informação – neste caso: corpo de bombeiros, assessoria de imprensa e a superintendência de trânsito da cidade, a Transalvador. O fogo aumentava, comprometia a eletricidade de parte do bairro e nenhuma dessas fontes soube informar mais detalhes do ocorrido.
“O Corpo de Bombeiros e a Transalvador tinham dificuldades em chegar ao local por conta do congestionamento. A assessoria de comunicação, terceirizada, nada podia informar além da resposta padrão: “Um pequeno incêndio atingiu a loja x; empresa aguarda perícia para saber as causas do incêndio”, conta Diego Mascarenhas, sub-editor do Correio24horas.
Ao mesmo tempo, sob o perfil de @lorenamorgana, uma estudante do ensino médio relatava para os seus 114 seguidores o que via de uma privilegiada varanda em frente ao local. Interagindo com os amigos, Lorena, de 17 anos, foi quem primeiro reportou as primeiras explosões que deixaram a Graça sem energia.
“gente, vocês não têm ideia! deu um pipoco retado aqui… o prédio (ENORRRME) que fica ao lado da Perini apagou geral! medo puro!!!” A informação, embora compartilhada com um pequeno grupo de amigos de maneira bem coloquial, logo se espalhou através do sistema de busca de informações. Recebendo retornos de incentivo, a jovem resolveu tirar fotos e até fez um vídeo que registrou uma outra grande explosão no local.
Em pouco menos de uma hora, seu número de seguidores cresceu de 114 para 155. Sua colaboração para quem acompanhava o acidente através do microblog chegou até um veículo de imprensa que, sem melhores fontes, utilizou dos relatos de Lorena Morgana para noticiar o acontecido.
“Fiquei entusiasmada, feliz e surpresa, porque não esperava tanto. Pensei que ficaria restrito aos amigos e alguns seguidores apenas”, contou a garota. Lorena diz que três repórteres a procuraram naquela noite. Suas imagens e o registro da explosão foram parar em portais.
O uso de Lorena Morgana como fonte principal de informação corresponde ao exemplo claro de jornalismo participativo através das redes sociais. O vídeo, no Youtube, já conta com mais de seis mil exibições. E essa relevância que sua cobertura tomou não só colaborou com os jornais, como fez com que crescesse na jovem garota, prestes a realizar o vestibular, a ideia de uma nova carreira. “A verdade é que agora pretendo cursar Jornalismo, portanto, fiquei muito satisfeita com meu ‘primeiro passo’”, divulgou.
Continue lendo:
Quando o release vem de um perfil online
De repórter por acaso para aspirante a jornalista
Imprensa baiana e jornalismo participativo: desconfiança e aposta

