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Programas populares ganham espaço na grade do telejornalismo baiano

- 12/06/2011

Duas das maiores emissoras da televisão baiana concentram parte de sua audiência em programas de caráter popular

Por Bruna Rocha e Josiane Guimarães

Duas das quatro emissoras privadas de televisão da Bahia mantêm em sua grade semanal programas que seguem a linha do jornalismo popular. A TV Aratu, afiliada do SBT, com os programas “Que Venha o Povo”, de Casemiro Neto, e “Na Mira”, com Analice Salles, e a TV Itapoan, da Rede Record, com  “Balanço Geral” e “Se Liga Bocão”, ambos comandados, respectivamente, pelos radialistas Raimundo Varela e José Eduardo.

A linha popular dos programas é seguida através de reportagens pautadas, sobretudo, na cobertura dos problemas da cidade e da população mais carente, aliada aos comentários dos apresentadores, a linguagem coloquial e a intensificação de canais de participação do telespectador, como promoções ao vivo.

Os programas desenvolvem uma sistemática tanto na escolha das pautas quanto na forma de apresentação das matérias para despertar as emoções do telespectador e conquistar a sua audiência. Cenas de violência, relatos de conflito e discursos enfáticos por parte dos apresentadores são frequentes, e cobram maior vigilância e atuação dos órgãos públicos, principalmente, quando envolvem questões de segurança social.

Segundo estudo sobre a ‘Apropriação do Popular pelo Telejornalismo Brasileiro’, desenvolvido pela pesquisadora Mirella de Freitas Santos da Universidade Federal da Bahia (UFBA), “o jornalismo popular se caracteriza pelo forte apelo dramático, a proximidade geográfica e cultural criada com o telespectador, o tipo de narrativa e a identificação entre a recepção e os personagens das matérias, além da sua habilidade na promoção do entretenimento com o público”.

Itânia Gomes, doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas, professora da Faculdade de Comunicação e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Análise de Telejornalismo da UFBA, explica que no noticiário desses programas, o cidadão comum aparece de três maneiras: quando ele é afetado pelas notícias, quando ele próprio se transforma em notícia, ou ainda, quando ele autentica a cobertura noticiosa e é tratado como “vox popoli”, ou seja, voz do povo.

Sensacionalismo

Em geral, a apresentação de notícias nesses telejornais é sensacionalista. Para enfatizar um fato e causar as mais variadas reações, há uma utilização intensa de recursos visuais e verbais, quase cênicos. Assaltos, brigas entre vizinhos, problemas familiares, violência sexual são assuntos constantemente pautados por esses programas.

Muitas vezes, o sensacionalismo característico do produto já fica claro na chamada das matérias. Num tom verbal enfático, os apresentadores se valem de discursos exagerados para prender a atenção do telespectador e levantar maiores polêmicas em torno do fato noticiado.

Sobre esse aspecto, questiona o apresentador do “Se Liga Bocão”, José Eduardo: “Sensacionalismo para mim é uma mentira que a gente bota no ar. O que eu mostro é a verdade. Se dá audiência é porque o povo quer ver isso”, diz.

Para os críticos do formato, José Eduardo fala ainda mais, ao fazer referência à diferença que existe entre ele e o “Jornal Nacional”. “A minha diferença para William Bonner é que ele apresenta o crime, de uma forma altamente cult, de uma forma que o dicionário dele não se coloca com o meu”, diz.

Ainda segundo o apresentador, o “Jornal Nacional” mostra o fato “com um cara de paletó e gravata, com gel na cabeça, sentado na bancada, passando a notícia com um linguajar completamente diferente”. “A minha linguagem é coloquial. Não faço enrolação. Vou direto para meu público”, conclui.

 

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