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Quadrinhos para quem gosta de arte
- 09/09/2013Jovens e adultos se reúnem em eventos temáticos, colecionam quadrinhos e se assumem como fãs e admiradores da nona arte
Thuanne Silva
Não há criança que não tenha lido os gibis da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa ou do Menino Maluquinho, criado pelo Ziraldo. Esses personagens povoam o imaginário dos brasileiros e introduzem muitos ao universo dos quadrinhos. Quebrando os preconceitos, essa arte ganhou admiradores de todas as idades e dispõe de incríveis histórias que conquistam os leitores.
Lucas Pimenta, 29, é historiador e dono do site Quadro a Quadro, especializado em quadrinhos. Pimenta justifica a escolha desta área de atuação: “sou historiador, e tenho quase certeza de que a escolha da profissão foi por culpa dos quadrinhos” (risos). Ele explica que, um dos seus quadrinhos preferidos é o personagem dos fumetto italianos, chamando Martin Mystère. “Martin é uma espécie de sabe-tudo. Conhecido como O Detetive do Impossível, é professor universitário, arqueólogo por formação, com especialização em história da arte, cibernética, história etc., que se envolve em mistérios que a nossa história tenta provar até hoje”.
O gosto por gibis veio de casa, desde criança. Foram os pais de Lucas, fãs de quadrinhos até hoje, que apresentaram ao filho este universo. Com ele, ao invés de começar pelos quadrinhos brasileiros mais famosos, o caminho foi inverso. “Meus pais foram por um caminho diferente e me apresentaram os quadrinhos europeus, e aprendi o ABC com Tintim, Asterix, Lucky Luke e outros”. Hoje em dia, os quadrinhos continuam presentes em sua vida e são mesmo levados a sério.
O Quadro a Quadro realiza encontros gratuitos na Livraria Saraiva do Iguatemi, sempre a cada segundo domingo do mês. “Em setembro, por exemplo, iremos falar sobre o panorama dos quadrinhos europeus no Brasil, com um breve olhar sobre o trabalho editorial da Nemo, que tem trazido ótimos trabalhos europeus para o país”, informa. Outra novidade é que o site irá se tornar selo editorial, cujo primeiro lançamento será a publicação do álbum Tiki – O Menino Guerreiro, obra dos autores italianos Giancarlo Berardi (roteiro) e Ivo Milazzo (ilustração). “É uma história sobre um indiozinho Carajá na época da construção da transamazônica”, explica.
Influenciado pela mãe, que colecionava revistas da Turma da Mônica, o redator publicitário Gilberto Coelho Júnior, 26, também é fã das HQs. Dos problemas do Cebolinha, passou para os conflitos espaciais e super-heróis. “Nesse momento, é um caminho sem volta! Além de ler o que está sendo publicado, você começa a buscar coisas mais antigas para entender aquelas situações, referências e todo o resto”, conta Gilberto. Atualmente, ele prefere trabalhos mais autorais e introspectivos, como as obras Maus, de Art Spiegelman e Retalhos, de Craig Thompson. Sobre os preconceitos, Gilberto tem uma opinião formada. “Ler quadrinhos não é coisa de criança, é coisa de quem gosta de arte”.
A jornalista de 23 anos, Edely Gomes, costuma acompanhar mensalmente as publicações da DC Comics (Superman, Wonder-Woman, Batman, Liga da Justiça). Além disso, lê regularmente Graphic Novels. “Destes, os meus autores preferidos são Will Eisner e Alan Moore”, afirma. “Não é complicado encontrar as publicações das grandes editoras, seja em bancas mais centrais ou nas livrarias megastore. Mas, claro, revistinhas mais alternativas você acaba achando na internet mesmo”, comenta sobre onde encontra os quadrinhos que lê.
Edvan Lessa, 20, estudante de jornalismo, também gosta das publicações da DC Comics e se considera compulsivo. “Compro todo mês, além dessas, The Walkind Dead, Batman, outros títulos avulsos da DC e alguns da Marvel. Isso sem falar das tiras de Calvin e Haroldo, encadernados e HQs independentes que tem sido minha paixão”. O estudante universitário tem o hobby de colecionar exemplares. “Tenho apego a objetos, sobretudo livros. A versão digital dos comic books e mangás não me cativa tanto”, afirma.
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