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Quando a dificuldade não é o limite
- 14/05/2012A história do paratleta baiano Fábio Rigueira
Camila Giuliani e Yuri Rosat
Fábio de Queiroz Rigueira, 39 anos, é vice-campeão da travessia Mar Grande/Salvador de natação (classe especial), surfista nas horas vagas e ciclista profissional, praticante do chamado “cicloturismo” – atividade que não visa a competição e consiste em realizar viagens utilizando somente a bicicleta. Além disso, Fábio é estudante de Engenharia Civil na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), trabalha como assistente do Poder Público, na Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), e é músico. Ele toca guitarra, violão e bateria e faz pequenas apresentações com um grupo de amigos em barzinhos e festas em Salvador. Achou muita coisa? Então imagine fazer tudo isso com apenas uma perna. Pois é assim que Fábio vive, sem prótese, com a ajuda de muletas.
A vida de Fábio no esporte começou aos nove anos, logo após o seu tratamento contra o câncer, quando ganhou do pai a primeira bicicleta e prancha de surf. “Não havia o que me parasse. Com o incentivo de meu pai, até como forma de me tirar daquela situação, fui me superando, querendo alcançar caminhos ainda mais longos”, afirma o esportista, que desde então não parou mais de praticar exercícios físicos.
Na natação, além do vice-campeonato na travessia Mar Grande/Salvador, em 1998, Fábio também foi vice-campeão no torneio Norte/Nordeste do Circuito Loterias Caixa, em 2011, mesmo sem apoio financeiro e de patrocinadores, uma carência dos paratletas. “Quando eu estava treinando, via uma certa dificuldade, pois tentava apoio e não conseguia. Era muito mais fácil conseguir incentivo de amigos ou de lojas pequenas”, lembra. Segundo ele, dos seus dez amigos deficientes físicos que também praticam esporte, apenas dois possuem patrocínio de grandes órgãos, como é o caso da paratleta Mônica Veloso.
Em cima de duas rodas, foi em dezembro do ano passado que Fábio realizou um grande sonho que teve origem em 1998: pedalou 18 horas no percurso Aracaju/Salvador juntamente com os amigos Vitor Leonel e Josafá Varjão – o relato dessa aventura está no blog de Fábio. A sua próxima “cicloviagem” será no dia 7 de junho, quando irá realizar o percurso Maceió/Salvador. Os treinos e a preparação, que já começaram, contam com uma rotina de trabalho que tem início às 5 horas da manhã e inclui musculação, pilates e spin bike, além de uma alimentação balanceada.
Em uma vida recheada de metas e conquistas, Fábio busca ainda dois grandes sonhos. O primeiro é transformar a sua história de vida em uma palestra para as crianças do Grupo de Apoio a Crianças com Câncer (GACC), lugar onde ele foi tratado na infância. O segundo é participar de uma das maiores provas de atletismo do mundo, o “Ironman Triathlon”, que conta com aproximadamente 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida. “Tudo para o homem é possível quando se acredita”, afirma.
Fábio nos encontrou em uma manhã de sol, depois de pedalar da sua casa, em Itapuã, até o Jardim de Alah – tarefa fácil para o esportista. Confira alguns trechos dessa entrevista:
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