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Quem não quer ganhar um concurso cultural?
- 06/04/2013A divulgação nas redes sociais aumenta a procura pelos concursos culturais, tornando a atividade ainda mais interessante para empresas e participantes
Iasmin Sobral

Viagens são ponto forte dos concursos. Tati* já ganhou diversas, como essa para Fernando de Noronha. Crédito: Arquivo pessoal
O estudante Diogo Costa, 20, ganhou, ainda no primeiro semestre do curso de Jornalismo, um concurso cultural que já agregou experiência em seu currículo. “Meu primeiro prêmio foi um estágio na assessoria de comunicação da 15ª edição do Festival de Verão, um evento que me proporcionou desafios proveitosos. Além disso, ganhei certificação e uma pequena quantia em dinheiro”. Ganhar um concurso cultural é o novo vício digital. Algumas pessoas optam por prêmios que podem acumular aprendizado acadêmico, mas a maioria tem em vista aquisições materiais e culturais que, financeiramente, seriam mais difíceis de adquirir de outra forma.
Mais comumente chamado de promoção, o concurso cultural é promovido por empresas de diversos ramos, onde são requisitados dos participantes que produzam um vídeo, foto, texto ou frase sobre determinado tema. Com uma comissão julgadora pré-determinada e explicitada no regulamento, os vencedores são escolhidos e recebem prêmios como bilhetes de cinema, peças teatrais, kits de maquiagens, aparelhos eletrônicos e até mesmo viagens, intercâmbios, imóveis e automóveis. Para as empresas, o retorno é simbólico, em forma de valorização e divulgação da marca – autopromoção – e também da imagem e produtos oferecidos.
Inicialmente, essas atividades eram divulgadas através de sites e emissoras das próprias empresas, e foi assim que Taufi Filho, 24, conheceu esse universo. “Era um sorteio de rádio para ganhar um par de ingressos do show da Marjorie Estiano. Liguei para a rádio, fui ao barbeiro com meu walkman e lá ouvi o locutor falando meu nome”. Apesar de não ser sua preferência musical, Taufi ficou feliz por ter ganhado, tendo em vista a oportunidade de conhecer novas pessoas e lugares. Em outro concurso, conseguiu acesso à pré-estréia mundial de Velozes e Furiosos 5, uma foto ao lado do ator Vin Diesel e seus 15 minutos de fama em um programa televisivo. Sua última vitória foi uma viagem para assistir um amistoso da Seleção Brasileira em Londres. “Com certeza, foi o melhor prêmio! Na volta, ainda tirei foto com os jogadores da seleção, que estavam no mesmo voo”, conta animado.
Taufi Filho é veterano nos concursos culturais. Os prêmios mais recentes dele foram Dia de Piloto na Stock Car SP, passeio de helicóptero e viagens internacionais. Crédito: Arquivo Pessoal
Não basta querer ganhar o prêmio, os promonautas – como são chamados os participantes de concursos virtuais – têm que compreender o regulamento dos concursos culturais. É preciso esclarecer, entretanto, que nem tudo é concurso cultural. Sorteios e distribuição gratuita de brindes não são considerados inseridos nessa categoria e possuem legislação diferenciada. Segundo a advogada Vanessa*, o regulamento é fundamental, pois é a “lei” do concurso. “As condições e termos podem ser alterados, mas uma vez finalizada a promoção, não há mais como a promotora do evento mudar as regras. Se isto acontecer, de modo a prejudicar algum dos participantes ou o próprio vencedor, é cabível o pedido de indenização por perdas e danos”, afirma.
Os participantes precisam também respeitar o regulamento, pois além dos prazos e pré-requisitos, é proibida qualquer atividade de cópia/plágio. Tati*, uma veterana na participação de concursos, foi vítima de plágio nas redes sociais. “Eu estava participando de uma promoção no Twitter e todo mundo podia ver as frases dos concorrentes. Uma pessoa copiou todas as minhas respostas e mandou como se fosse dela. E o pior: ela ainda venceu! Fui atrás de provas e acabei conseguindo resolver a situação”, conta. A advogada Vanessa* acredita que o regulamento contribui para coibir atitudes como essa. “Como a regra dos concursos visa premiar trabalhos originais e, às vezes, inéditos, em casos de plágio o participante é desclassificado. Infrações contra direitos autorais são juridicamente puníveis, mas, na prática, nunca vi uma situação chegar a esse ponto”, declara.

Apesar da confusão, Tati* continuou participando dos concursos e ganhando prêmios, como essa viagem à Angra dos Reis. Crédito: Arquivo Pessoal
Apesar dos possíveis problemas jurídicos, a maioria dos concursos culturais é regulamentada e têm suas normas devidamente cumpridas, tanto pelas empresas promotoras, que buscam visibilidade e divulgação dos produtos, quanto pelos participantes, que almejam as premiações, tornando essa crescente atividade ainda mais interessante e lucrativa para ambos.
* Pseudônimos foram utilizados como forma de proteção à identidade das fontes

