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“Quentinha, na hora!”
- 11/03/2013Fotografia: Bruno Santos
É assim anunciada a pipoca característica da Concha Acústica. Conheça mais sobre a história dos pipoqueiros que dão um sabor especial aos shows
Amana Dultra e Maria Garcia
Comer pipoca em frente à TV não é igual a quando estamos no cinema. O sabor também é outro na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, um dos espaços mais importantes da música em Salvador. E só acha que o único sentido privilegiado nos shows é a audição quem nunca experimentou a pipoca de lá. Em tempos de reforma para a requalificação do espaço, ainda sem uma data prevista pela direção, o paladar dos fãs da casa sentirá falta desse sabor.
Além dos importantes shows, a história da Concha é marcada pelos pipoqueiros que tentam a plateia com cheirinho gostoso da pipoca há cerca de 20 anos. Antes dos aplausos começarem e das luzes se acenderem, a pipoca é a estrela. Para esse espetáculo fora do palco, os pipoqueiros começam a se preparar desde o começo da tarde.
Félix dos Santos é um dos pipoqueiros que trabalha nos finais de semana ao som de grandes ícones da música nacional. Ele está na profissão há mais de 30 anos e foi o primeiro a trabalhar nas arquibancadas. A história começou quando ele ainda trabalhava na Rua Tiradentes. Depois de sair do emprego, Félix comprou um carrinho de pipoca e foi vender em parques de diversões e praças. “Quando a Concha ainda era pequena, antes de uma das suas primeiras reformas, eu comecei a vender pipoca na bilheteria”. Desde então, a direção do Teatro Castro Alves (TCA) convidou-o para trabalhar dentro da Concha. Hoje, ele trabalha em parceria com outros seis pipoqueiros.
Gustavo Santos é um desses parceiros de Félix. Ainda com 21 anos e depois de abandonar os estudos para trabalhar, Gustavo começou sua primeira experiência como empreendedor. Os dois se conheceram no cinema Guarani, onde agora funciona o Cinema Itaú Glauber Rocha.
Pipoca fora da Concha – Além do Teatro Castro Alves, Gustavo também vendia pipoca em festas fora da capital baiana, como em Cachoeira e Baixa Grande. Os altos custos, no entanto, levaram os sócios a preferirem as festas da capital baiana, como as realizadas pelos governos municipal e estadual no Terreiro de Jesus, no Pelourinho. No entanto, nem todas as festas entram no circuito do negócio dos dois pipoqueiros: eles evitam as “festas de camisa”. Para Gustavo, o público destas festas tem um perfil diferente do da Concha Acústica. “Eles passam, muitas vezes, do limite. É um público mais extravagante”, opina o pipoqueiro.
Valter Carvalho é filho do outro pipoqueiro autorizado a ter carrinho dentro da Concha, Vitor Sena. Aos dez anos, ele acompanhou o pai para conhecer o trabalho, tomou gosto e continuou a tradição. Seu pai era vigilante da Concha e pipoqueiro na Joana Angélica e, por isso, propôs à diretoria do TCA a venda de pipocas na bilheteria. Deu certo. Depois de um tempo, muitos pipoqueiros passaram a vender lá e, por causa da confusão, a venda foi proibida. No entanto, por ter tido a iniciativa, Vitor foi convidado a trabalhar nas arquibancadas, onde está até hoje. Seu filho, Valter, é um apaixonado declarado pela pipoca. “Amo ser pipoqueiro e ser comerciante de pipoca. Claro, também adoro fazer e comer pipoca!”, brinca.
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