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Salvador abaixo da média de bem-estar urbano, aponta estudo
- 11/09/2013Entre 15 metrópoles avaliadas, Salvador ocupa 10ª posição no ranking de Bem-Estar Urbano do INCT
Rita Martins
Salvador é uma das metrópoles brasileiras com um dos menores índices de bem-estar urbano. É o que indica um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Observatório das Metrópoles, que mede o nível de bem-estar promovido pelos serviços sociais prestados pelo estado. Entre as 15 metrópoles avaliadas, Salvador ocupa a 10ª posição, com um índice de 0,573, considerado um grau intermediário de bem-estar urbano.
Dos 15 conglomerados urbanos avaliados, apenas a Região Metropolitana de Campinas, no estado de São Paulo, alcançou o patamar bom ou excelente, com 0,873. Já as regiões metropolitanas de Recife (0,443), Manaus (0,395) e Belém (0,251) se encontram no patamar considerado ruim ou péssimo (zero a 0,500). As demais regiões, inclusive Salvador, situam-se em patamar intermediário de bem-estar urbano (0,501 a 0,800).
Ibeu – Para calcular o Índice de Bem-Estar Urbano (Ibeu), que varia de zero a um, o INCT levou em consideração um conjunto de cinco dimensões constituídas por indicadores construídos a partir do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. São elas: condições de mobilidade urbana; condições ambientais urbanas; condições habitacionais urbanas; atendimento de serviços coletivos urbanos; e infraestrutura urbana.
Salvador ficou abaixo da média em quatro das cinco condições avaliadas. Apenas na condição “mobilidade urbana”, a capital baiana conseguiu um percentual acima da média, mas, ainda assim, ficou na 11ª posição entre as 15 metrópoles avaliadas. O pior desempenho da Região Metropolitana de Salvador (RMS), no entanto, foi no quesito “infraestrutura”, que avalia condições de iluminação pública, pavimentação, calçada, meio-fio, bueiro, rampa para cadeirantes e logradouros. Nessa dimensão a RMS apresentou um índice de 0,478, considerado ruim ou péssimo, se comparado com a média de 0,618.
Índices de Bem-Estar Urbano da Região Metropolitana de Salvador de acordo com as cinco dimensões
Interesse político – O professor de Arquitetura da UFBA, Jorge de Oliveira Boureau, critica a postura política que, segundo ele, está atrás da escolha de algumas obras de infraestrutura: “Os políticos estão muito preocupados em mostrar, inaugurar, e o esgoto é enterrado, ninguém vê, ninguém inaugura esgoto. É uma obra fundamental, mas que não dá ibope para político”.
No índice que avalia, entre outros aspectos, esgoto a céu aberto e lixo acumulado no entorno dos domicílios, a RMS também ficou abaixo da média (0,641) com um nível 0,564. Todavia, entre as regiões metropolitanas do Norte e do Nordeste, Salvador foi a única a não apresentar o nível ruim ou péssimo, uma vez que Belém, Manaus, Recife e Fortaleza apresentam as piores condições ambientais urbanas, ficando muito abaixo da média. Já no indicador “condições habitacionais”, que avalia, entre outros aspectos, material das paredes e a aglomeração dos domicílios, a RMS apresentou o terceiro pior índice (0,590), ficando à frente apenas de Belém e Manaus.
“As pessoas vão ocupando por falta de uma política. Houve uma melhora com o Minha Casa Minha Vida, apesar de ser um programa sem um maior planejamento estratégico”, analisa o professor Jorge de Oliveira Boureau, que já atuou no planejamento de três municípios baianos entre eles Camaçari, onde preparou a cidade para receber o Polo Petroquímico.
De acordo com Boureau, falta um planejamento urbano adequado à realidade de cada município. “O governo federal obriga que municípios com mais de 100 mil habitantes tenham um Plano Diretor, que muitas vezes não é feito em função de uma realidade. É feito apenas para se habilitar ao recurso do governo federal”, critica.
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