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Seguro de carro em Salvador tem elevação de até 30% ao ano

- 11/09/2013

Compreenda a equação para definir o preço de um seguro de veículo; as alterações no tráfego estão entre as muitas variáveis para definir o valor final

 

Adriele Sousa

As recentes mudanças no trânsito de Salvador adotadas pela gestão municipal têm gerado muita polêmica entre a população da cidade, que tenta se adaptar, e, ao mesmo tempo, têm elevado os preços de seguros para automóveis. Juntamente com índices de roubo a carros, idade, endereço e tempo de habilitação do condutor, o aumento na quantidade de sinistros na capital baiana, que são como as seguradoras chamam os acidentes ou prejuízos materiais nos veículos, as alterações no tráfego estão entre as muitas variáveis para definir o preço final do seguro.

Apesar de o seguro ser um serviço personalizado, feito sob medida para cada pessoa, as últimas alterações nas ruas da cidade e que impactam toda a população, tais como implantação da via exclusiva para ônibus na Avenida Vasco da Gama e mudança no sentido da Rua Chile, no Centro Histórico, são apontadas como motivos na elevação do número de acidentes. “Essa política de trânsito é perigosa. O ônibus não cabe na via exclusiva da Vasco da Gama, porque ela foi dimensionada para carros pequenos. Por conta desses acidentes, o preço do seguro está maior”, garante Marcelo Garcia, economista, que trabalha há 21 anos no segmento de seguros para veículos.

Quinzenalmente ocorre atualização do preço de seguros para automóveis, que hoje varia de 2% a 5% ao mês, acima da inflação que foi de 1,3% em julho. De acordo com Emile Costa, gerente da Sercos Seguros, do ano passado para 2013, houve um aumento de 30% no valor dos seguros em Salvador. Nos últimos três anos, o setor não experimentou baixa em sua arrecadação. Abaixo o gráfico mostra o crescimento do período.

Risco do segurado Segurança pública é mesmo um tema relevante para as seguradoras na hora de calcular o risco do segurado. O modelo do carro, o CEP e os bairros que mais aparecem nos boletins de ocorrências impactam diretamente no valor do seguro. Dados da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP) revelam que os carros mais roubados são os populares, e não os luxuosos. Como alguns carros populares têm o modelo idêntico há anos, a exemplo do Celta, da Chevrolet, e Uno, da Fiat, eles aquecem o mercado paralelo de desmanche e venda de peças. Assim, hoje o Celta é considerado o seguro mais alto, percentualmente, em relação ao valor final do carro, esclarece Garcia.

Vale ressaltar que, na hora da contratação do seguro, moradores dos bairros de Brotas, Itapuã e Pituba têm desvantagem em relação a quem reside na Federação ou no Horto Florestal. Estes têm os CEPs mais baratos em Salvador, enquanto os primeiros são os mais caros, pois estão entre os locais mais perigosos quando o assunto é roubo de carros. A partir de informações da SSP, é possível fazer o ranking dos carros mais visados por ladrões e o mapa de roubos de automóveis na capital baiana.

Não somente os problemas na estrutura viária urbana explicam a majoração do serviço. O baixo desempenho na recuperação de veículos roubados e furtados é um fator que as seguradoras também analisam. A Bahia ocupa a 10ª posição nacional em roubos de automóveis, porém tem índices de recuperação do bem móvel parecidos aos de Rio de Janeiro e São Paulo, que carrega o título de trânsito mais caótico do país. Segundo Garcia, que atende clientes de todo o Brasil, os consumidores soteropolitanos desembolsam valores iguais às duas maiores capitais do país.

Sono garantido – Mesmo com as estatísticas, existem proprietários de um quatro rodas que transitam sem a cobertura. “Tenho um carro velho, os ladrões não querem. O seguro é muito caro para quem paga, também, a parcela do financiamento”, justifica Edmilson Rodrigues, dono de um Vectra GT. Por outro lado, há quem não abra mão do serviço. Segundo a opinião do designer Mário Cordeiro, que já teve seu carro levado em um sequestro relâmpago há três meses, ficar sem seguro seria uma loucura, por isso o carro dele já saiu da concessionária com seguro.

Que o seguro é um elemento que faz parte da manutenção do veículo e garante o sono de quem anda pelas ruas de Salvador, é indiscutível. Assim, quem não pode pagar o serviço oferecido pelas seguradoras, tem recorrido a associações e cooperativas em busca da assistência e proteção para o patrimônio. Em termos de preço, Cordeiro afirma que são valores muitos parecidos. Durante o período que usou o seguro cooperativo, um ano e meio, pagava R$ 150 mensal, e em outra seguradora tradicional o valor hoje é de R$ 1.700 para um período de 12 meses. Entretanto, é bom lembrar que o seguro cooperativo é considerado uma prática ilegal e, caso haja problemas, o cooperado pode ter dificuldades para garantir seus direitos.

 

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