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Subversão e ironia em São Paulo
- 11/12/2011Coisa de vovó nada, as jovens paulistanas tricotam por pura diversão
Por Carol Gomes
Em São Paulo, a cultura do bordado e da costura está mais consolidada do que em Salvador. Neste ano, o primeiro café voltado para o tema foi inaugurado na Vila Madalena, bairro conhecido como boêmio e descolado da cidade. Trata-se do Novelaria Knit Café. Nesse espaço, alguns produtos são vendidos e também funcionam cursos com foco em tricô, crochê, bordado e feltro. Mas o mais inusitado é que as clientes ficam a vontade para tricotar e bordar entre um café e outro. E é através da internet que essas jovens mulheres trocam experiência e compartilham sugestões. O Clube do Útero, por exemplo, das amigas paulistanas Flávia Lhacer e Vanessa Rozan reúne jovens amigas para tricotar e bordar. Pelo site, divulgam workshops, abertos a quem interessar, e alguns trabalhos inspiradores seguindo a tendência do feito à mão. “Nosso ponto de encontro é a vontade de resgatar essa história, mas também atualizá-la para os nossos costumes atuais, com um pouco de subversão e ironia. Ou seja, fazer da técnica uma plataforma para falar do universo feminino nos dias de hoje, questionamentos pessoais, confrontos diários e realizações de cada uma”, explicam Flávia e Vanessa.
Procura-se handcraft e diversão – Em Salvador, Isadora Alves, 22, estudante de Letras, pensa em montar um grupo de costura com a mãe de uma amiga como professora, mas o grande problema é encontrar um espaço com máquinas de costura para que todas possam praticar. “Eu pensei em fazer uma oficina de costura mais especializada, fugir daquelas peças de confecção básicas.Mas é complicado pensar em reunião de costura para que cada uma leve suas máquinas, não dá. Ainda não achei uma solução para que esses encontros sejam viáveis”, conta Isadora.
Já a procura das paulistanas pelos cursos e workshops voltados para o tema é cada vez maior. “Sentimos que o interesse no handcraft (artesanato) vem crescendo entre amigas e até mesmo nossas mães retomaram seus bordados, crochês ou tricô animadas com nosso resgate. O interessante é que antes esses trabalhos eram feitos para o olhar do outro, para receber o outro em casa, para presentear o outro, então era muito importante o acabamento do trabalho. Hoje queremos nos divertir, nos expressar e sempre avisamos às alunas e novatas: não se preocupem com o verso, aproveite cada ponto e seja paciente consigo ao aprender algo novo”, dizem Flávia e Vanessa.
Leia:
É tudo feito à mão (inclusive esta matéria!) – versão manuscrita
É tudo feito à mão (inclusive esta matéria!) – versão digital