Tags:Moda sustentável, reaproveitamento, Resíduos sólidos, responsabilidade social, sustentabilidade
Sustentabilidade, moda e responsabilidade social
- 11/03/2013Parceria de instituições publicas e privadas tem incentivado a produção de moda sustentável em Salvador
Daniele Silva

Linha de utilitários produzida a partir do reaproveitamento de uniformes doados | Crédito: Daniele Silva
Atuar de forma sustentável tem sido o objetivo de profissionais de diversas áreas nos últimos anos e na moda, não é diferente. Pensar a sustentabilidade neste setor é unir conscientização, responsabilidade social e muita criatividade para transformar resíduos em matéria-prima para roupas e acessórios cheios de estilo. Em Salvador, os impactos ambientais são minimizados a partir do reaproveitamento de uniformes, lonas, banners publicitários, latas de alumínio e plástico através das parcerias entre empresas, designers e estilistas.

"Não tem caminho oposto. A moda tem que repensar a forma como vem trabalhando", afirma Luciana.| Crédito: Reprodução
A coleção criada em 2012, pela designer e coordenadora do Projeto Axé Design, Luciana Galeão, a partir da doação de uniformes usados pelos operários da Nova Arena Fonte Nova, é um bom exemplo de como a conscientização e a criatividade podem transformar o lixo em luxo. O material deixou de ser incinerado, evitando a emissão de poluentes na atmosfera e foi transformado numa linha de utilitários com ecobags, aventais, chapéus, nécessaire e porta-moedas. Os produtos são comercializados na loja do projeto no Pelourinho, e custam de R$5 a R$50. “A intenção era reaproveitar os uniformes doados e comercializar na loja, mas virou um efeito dominó e hoje contamos com doações de outras empresas parceiras”, comenta Luciana.
Luciana, que trabalha com moda há 14 anos, acredita que as parcerias com empresas dão certo devido a uma junção de fatores, como a boa matéria-prima atrelada ao designer das estampas, que são criadas pelos meninos atendidos pelo Projeto Axé, fatores que agregam valor ao produto. “Uma empresa que nos fornece uniformes tem como contrapartida absorver parte desses produtos para desenvolver suas ações de marketing, garantindo a viabilidade econômica da ação”, comenta a designer em entrevista ao ID 126.
A Associação Fábrica Cultural, ONG localizada na Península Itapagipana, também conta com parcerias de instituições públicas e privadas. Os jovens que participam do Na Trilha da Cidadania, projeto que busca a inclusão sócio-produtiva de meninos e meninas de16 a24 anos, são qualificados para desenvolver produtos usando lonas e banners doados pelas instituições parceiras. “Os jovens desenvolvem as coleções a partir de pesquisas baseadas nos símbolos culturais encontrados na Península Itapagipana, criando bolsas e acessórios como sandálias, chapéus, bijuterias”, explica a coordenadora pedagógica da Fábrica Cultural, Nadja Miranda.

Ecobags produzidas pelos jovens da Fábrica Cultural a partir de lonas de trios elétricos | Crédito: Divulgação
Lei dos Resíduos Sólidos – Sancionada em 2010, a Lei nº 12.305 de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos aos dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, ao cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo e pós-consumo. Para Luciana, a lei contribui para um novo posicionamento das empresas. “Agora nenhuma empresa pode descartar seus resíduos de maneira irresponsável. Mediante isso, vão perceber que existem demandas para o aproveitamento de diversos materiais”, ressalta.
Minimizar impactos ambientais com o reaproveitamento de materiais não é suficiente para produzir moda sustentável. É preciso analisar os impactos do processo como todo, desde a coleta dos resíduos até a distribuição para comercialização dos produtos. “Procuramos fazer a fabricação dos produtos o mais próximo à loja do Projeto Axé, para não emitir tanto CO2 e queimar combustível. Fazemos uma logística para não utilizar muito o carro e evitar também o estresse do trânsito”, conclui Luciana Galeão.
