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Tô de olho no meu bairro, viu?
- 13/04/2016Cidadãos defendem e fiscalizam políticas para seus bairros através das redes sociais
Clara Rellstab | Ilustração: Leonardo Santos
Não é novidade que a população se organize para discutir e propor melhorias para o lugar onde vive. Prova disso são as associações de moradores, que já têm esse papel sociopolítico em alguns bairros. Com a internet e as redes sociais, o ativismo comunitário vêm ganhado cada vez mais força, e não dá mais para ignorar os problemas e soluções apontadas em páginas no Facebook e sites, já que, uma vez na internet, torna-se acessível a todos.
Em 2009, o cirurgião plástico Mario Amici, 48, acordou em um domingo de manhã com o som de motosserras. Indignado, foi ver o que acontecia na rua perto de casa e foi recebido por funcionários de uma construtora que estavam derrubando algumas árvores de uma área pública para montar um stand de vendas do empreendimento. Depois de argumentar contra, ouviu em resposta: “aqui você não apita nada”.
Amici aproveitou a sugestão e, decidido a ter voz, criou a Amigos pelo Itaigara (Apita), associação de moradores do bairro, que se propõe a diagnosticar os problemas do local e ajudar na construção de soluções criativas, economicamente viáveis e ecologicamente corretas, buscando aumentar a consciência cidadã. Entre as ações encabeçadas pelo grupo estão plantio de árvores, eliminação de possíveis focos do Aedes Aegypt, passeios de bicicleta e até a construção de uma praça, com uma horta comunitária.
Atualmente, a fanpage do Facebook da Apita conta com mais de mil curtidas e continua atraindo moradores ao movimento. “A fanpage fortalece o vínculo do morador com o lugar. É muito mais bacana fazer um evento onde você próprio planta uma árvore, do que simplesmente aparecer uma árvore plantada pela prefeitura ali”, relata Amici.
Itapagipe em Foco
Incomodado com a invisibilidade do lugar onde vive nos principais veículos de comunicação, o estudante de comunicação Mário Pinho, morador da península de Itapagipe, na Cidade Baixa, criou a página “Itapagipe em Foco”, que propaga notícias, ações e divulga o local para o restante da capital baiana. “Reuni informações sobre um local específico, o chamado jornalismo hiperlocal, e passo a informação na própria rede”, explica Pinho.
A ideia foi tão bem aceita que o dono de um antigo jornal da região convidou Mário para ampliar o projeto. Segundo Pinho, a falta de um acompanhamento mais próximo da prefeitura aos bairros faz com que esse tipo de atitude auxilie os órgãos públicos a entender as demandas específicas de cada lugar e até divulgar com mais efetividade ações referentes a essas localidades.
SOSBarra
A falta de lixeiras na Orla, o escoamento de esgoto na areia do Farol da Barra e a poda irregular de árvores são alguns dos assuntos apontados pela página SOSBarra. Regina Martinelli Serra, presidente da associação conta que o movimento surgiu em 2009 e ganhou ainda mais força após a revitalização da orla marítima do bairro. Esse tópico tem sido pauta constante na fanpage e um manifesto organizado pelo grupo já foi enviado à prefeitura.
Entre os tópicos apontados estão a não conclusão de alguns serviços prometidos, como a instalação de sanitários públicos, o embutimento dos fios e a conclusão do paisagismo, com o devido replantio das árvores ceifadas indevidamente.
Regina conta que a principal vitória do grupo foi a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em 2012, limitando os eventos de grande porte no Bairro. “No entanto, este TAC tinha tempo determinado de duração e o atual prefeito se recusou a discutir novamente este assunto com os moradores”, reclama. Ela ressalta ainda que os gestores têm a certeza de que sabem o que é melhor para o bairro, mas os moradores não concordam.
O que diz a Prefeitura?
Em nota, a Ouvidoria da Prefeitura de Salvador admitiu ter conhecimento da existência das fanpages, mas que só ficam cientes do conteúdo postado se estas marcarem a prefeitura, o prefeito ou qualquer órgão ligado à gestão. Normalmente, o serviço é feito através de uma ação no protocolo. Ou seja, o sujeito faz a denúncia, obtém um protocolo, e a partir daí a Ouvidoria começa a apurar.
De acordo com o órgão, são recebidas no máximo de 2 a 3 denúncias por semana e muitas delas, também, já são direcionadas para os órgãos de destino através das marcações. Quando é fornecido o número de protocolo, a consulta é realizada, são verificados o prazo do atendimento da demanda e é feito um retorno ao cidadão.
Barra: SOSBarra
Mussurunga: Mussurunga News
Cajazeiras: Cajazeiras no Ar
Itapagipe: Itapagipe em Foco
Imbuí: AMCI – Associação de Moradores de Condomínios do Imbuí
Amaralina: Nordesteu Sou
Corredor da Vitória: Corredor da Vitória
Cabula: Nosso Cabula ; Alô Cabula
Itaigara: Apita – Amigos pelo Itaigara
Sussuarana: Mídia Periférica
Itapuã: Itapuã City
Santo Antonio Além do Carmo: Terra de Gigantes
Centro Histórico: O centro antigo sangra
Rio Vermelho: Associação de Moradres do Rio Vermelho