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Torcida gringa
- 20/05/2014Em Salvador, estrangeiros se preparam para torcer por seu país de origem na Copa
Alice Mazur e Thiago Andrill
A torcida para as seleções estrangeiras durante a Copa do Mundo de Futebol da Fifa no Brasil será composta não apenas por aqueles que se deslocam dos seus países de origem, mas também por estrangeiros que moram no país. Em Salvador, comunidades de imigrantes vão torcer por suas respectivas seleções nos estádios, nas ruas e em reuniões de amigos. É o caso da alemã Laura Hunger.
Fã de futebol e torcedora do Paris Saint-German e do São Paulo – influência de seu marido brasileiro -, Hunger faz parte da Comissão Organizadora de encontros no Instituto Cultural Brasil-Alemanha para torcer pela seleção de sua terra natal. Mesmo envolvida com os preparativos, não descarta a possibilidade de ver de perto a partida na arquibancada da Arena Fonte Nova. “Estou tentando comprar ingressos. Ainda não consegui, mas vou assistir de qualquer maneira com meus amigos nas nossas reuniões. Torcer é o que importa”, explica.
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Junto e misturado – Estar em grupo, partilhar opiniões, fazer observações e torcer por um mesmo resultado estão entre os prazeres proporcionados àqueles que acompanham os jogos da Copa. Colega de trabalho de Laura, a alemã Linda Busse também está comprometida e animada com os encontros no Instituto Goethe. “Já encomendamos a tela que será colocada no pátio e fechamos com duas bandas que vão tocar musicas típicas do nosso país. Além disso, serviremos comidas tradicionais e torceremos juntos para nossa seleção”, detalha.
O sentimento de união e reconforto parece tomar conta daqueles que não vivem mais em seus países de origem. Natural da Espanha, o bibliotecário e torcedor do Sevilla, José Lopez mora em Salvador e lembra como foi difícil ver o seu país perder em uma partida na Copa do Mundo de de 1998, realizada na França, onde vivia na época. “Foi completamente arrasador e ao mesmo tempo acolhedor. Éramos milhares que moravam em vários lugares, não apenas na Espanha”, recorda.
Em 2014, o espanhol irá assistir as partidas Espanha x Holanda e Alemanha x Portugal com um amigo que também mora na capital baiana, o torcedor do Real Madrid Manuel Llamas. Segundo a dupla, amigos que moram na Espanha estão tentando vir para Salvador assistir às partidas, mas encontram dificuldade para comprar os ingressos. “Muitos amigos que são apaixonados pela seleção espanhola deixaram para a última hora e agora reclamam dos preços e da escassez. Espero que eles consigam vir para participar da nossa torcida”, diz Manuel.
Outra estrangeira que aguarda amigos é a administradora de empresas Nathalie Souza. “Não poderia deixar de ver meu país jogar na cidade em que moro há tanto tempo”, explica a moça que é natural da França e vive em Salvador há 26 anos. Mesmo não acompanhando muito futebol, Nathalie se rendeu à excitação pelo esporte existente no Brasil. A francesa espera amigos e familiares para assistir às partidas com seu marido e filhos, todos brasileiros.
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Futebol e identidade – Estar na torcida por um país em um evento internacional do porte da Copa pode significar a oportunidade de manter contato com aspectos pertencentes à cultura de uma nação. Muitos estrangeiros que vivem no Brasil poderão mostrar e proporcionar aos seus filhos, criados aqui, elementos e aprendizados da cultura dos seus países de origem.
“Meus pais me ensinaram a gostar de futebol. Através desse esporte, eu aprendi muitas coisas, que parecem bobas e pequenas, mas fazem parte da identidade alemã. É claro que poderia ter absorvido algumas delas de outras maneiras, mas foi através do futebol, sendo estimulada pelos meus pais, que eu tive o primeiro contato”, conta Johanna Mohr, que é alemã e torcedora do Bayern de Munique.
Johanna faz parte da organização das reuniões alemãs no Instituto Goethe e irá assistir à partida Alemanha x Portugal com suas amigas Laura e Linda. “Será muito bom estar com alemães torcendo para a Alemanha no Brasil. Vejo famílias juntas usando camisas de times e lembro da minha família. Se um dia eu tiver uma aqui no Brasil, levarei meu filho para assistir aos jogos, assim como meus pais fizeram comigo”, esclarece.