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Transexuais aguardam cirurgia de mudança de sexo na Bahia
- 23/12/2013Número de cirurgias no Brasil cresceu nos últimos anos. Mas a Bahia ainda não realiza procedimento pelo SUS
Ítalo Richard, Luana Amaral e Marília Cairo
“Eu sonho com essa cirurgia todos os dias. Mesmo com a dor, com a adaptação que vou ter que fazer, tudo vai ser novo, vai valer a pena. A autoestima vai estar lá em cima”, diz a estudante Jeane Louise, 21, candidata à realização de cirurgia de transgenitalização que permitirá sua mudança para um corpo de genital feminino.
A cirurgia gratuita de transgenitalização, ou de mudança de sexo, é realizada no Brasil desde 2008, mas, na Bahia, ainda é um sonho distante para muitos transexuais. Atualmente, quem mora em Salvador e outros municípios baianos e deseja fazer a operação pelo SUS deve procurar atendimento em outros estados, já que a Bahia ainda não conta com um centro médico nem uma equipe especializada.
As filas de espera são longas. Para obter autorização para a cirurgia, que é feita em Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, o candidato – maior de idade – precisa iniciar um tratamento psicológico obrigatório, que dura no mínimo dois anos, para conseguir um laudo que confirme o diagnóstico de transexualismo.
Segundo o Ministério da Saúde, o número de procedimentos de mudança de sexo realizados anualmente tem crescido: em 2010, 510 cirurgias foram feitas; no ano passado, foram 896 – um aumento de 76%. Os números se referem à cirurgias de transgenitalização do sexo masculino para o feminino, já que no Brasil as cirurgias do sexo feminino para o masculino ainda estão em fase experimental.
Impasse – Rossi Neto diz que, apesar de haver interesse do Governo Federal e da Secretaria de Saúde na implementação da oferta da cirurgia de transgenitalização gratuita na Bahia, ainda não há definição sobre quando nem onde isso acontecerá. “Se o incentivo for pra frente e se conseguirmos implantar um serviço de qualidade, acredito que esse tipo de cirurgia em pouco tempo vai poder estar sendo realizada, [provavelmente] no Hospital das Clínicas”, afirma.
Um dos entraves para essa definição, na opinião do médico, são os salários oferecidos pelo SUS, que não compensariam o alto nível de especialização que o procedimento exige, bem como o tempo despendido no acompanhamento dos pacientes. “Para um médico que tem uma especialização nessa área, experiência nesse tipo de cirurgia, o valor pago pelo SUS é irrisório, não vale o esforço. É uma cirurgia de alto risco, superespecializada”, destaca.
[Urologista explica como funciona a cirurgia de mudança de sexo. Assista:]
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