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Transexuais aguardam cirurgia de mudança de sexo na Bahia
- 23/12/2013Ítalo Richard, Luana Amaral e Marília Cairo
A cirurgia de transgenitalização deve ser encarada com seriedade e certeza de sua realização por parte do paciente, pois é um procedimento irreversível. “A primeira coisa que se tem que fazer é saber que essa cirurgia não é brincadeira. A pessoa não quer trocar de sexo porque ela acordou de manhã com vontade de trocar de sexo. Isso é uma doença, é caracterizado como uma doença, como um transtorno de identidade de gênero. Se não fosse tratada como doença ela não poderia ser paga [pelo governo]”, afirma Rossi Neto.
Apesar de não gostar da denominação da transexualidade como doença, Millena reconhece que, sem essa definição, as transexuais poderiam perder o direito da cirurgia paga pelo SUS. “No SUS tem muito debate sobre essa definição, porque alguns querem tirar [desse transtorno a caracterização de] patologia. Eu até fico com medo de dizer para tirar e a gente perder esse direito. Tirando ou não, eu acho que é um direito nosso”, diz Millena.
Rossi Neto destaca que o acompanhamento psicológico deve ajudar o paciente a chegar a uma decisão madura quanto à realização da cirurgia. “O papel do profissional é auxiliar a pessoa a descobrir se esse é mesmo seu problema. E, se for, que leve adiante essa descoberta para ter pelo menos paz nessa vida, que é exatamente essa inquietude com a aceitação dos órgãos genitais”.
As profissionais só devem indicar a cirurgia em último caso, quando esgotadas as possibilidades de tratamento psiquiátrico ou psicológico. Jeane, que passou por todo o processo de auxílio psicológico, destaca que o profissional ajuda o paciente a se preparar para a cirurgia. “Ele na verdade te prepara para a cirurgia porque realmente é uma mudança. Ele está ali para te mostrar os caminhos, pra te mostrar que pode dar errado, que você terá que fazer retoques depois. A gente nasce de novo. A gente tem que reaprender a viver”.