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Um retrato da prostituição soteropolitana
- 21/11/2011Na capital baiana, a desigualdade social também é refletida no mercado do sexo pago
Por Alexandre Wanderley e Luan Santos
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do bairro do Itaigara, na capital baiana, é mais elevado do que a média norueguesa, que é a maior do mundo. Já os referenciais numéricos do mesmo índice atestam que a média registrada em Areia Branca, localidade que integra a região metropolitana da cidade, é menor do que a verificada em Guiné Equatorial, país que ocupava, em 2004, a 121ª posição no ranking mundial. Os dados de 2010 disponíveis no site brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) ratificam, ainda, que Salvador é mesmo uma das cidades mais desiguais do Brasil, guardando em si mesma disparidades maiores do que aquelas percebidas regionalmente no país. São vários ‘mundos’ abrigados na metrópole de dois andares, que se disfarça de terra da felicidade, mas não mascara a realidade notadamente desigual.
Nesta moldura da desigualdade soteropolitana, cabem muitos exemplos sinalizadores. Um, contudo, salta aos olhos: a prostituição. A atividade, que já representa um mercado sólido em Salvador, é uma metáfora ideal para ilustrar o padrão de disparidade característico da cidade. Na cadeia de negociação do corpo, o serviço é sempre o mesmo, mas nunca é igual.
A reportagem do Impressão Digital 126 trouxe uma amostra do esquema de prostituição operante na terceira cidade mais populosa do Brasil, segundo informações do último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na terra de todos os encantos, cada canto conta uma parte da história que revela a estrutura segmentada assumida pela prática e reforça que a desigualdade social é característica quase fielmente reproduzida no mercado de opções do sexo pago. Do “moquifo” do Pelourinho à insuspeita casa de luxo em Itapuã, só a moeda circulante é a mesma. Mais do que diferente, o resto é desigual.
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