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Violência dentro e nos arredores da universidade

- 16/07/2013

Estudantes e seguranças defendem um maior controle no acesso aos espaços da UFBA

Luana Velloso e Rita Martins

Atos de violência comuns em grandes metrópoles brasileiras são registrados constantemente, também, em Instituições de Ensino Superior pelo Brasil afora, e na Universidade Federal da Bahia (UFBA) a situação não é diferente. Entre os crimes mais frequentes estão os furtos e assaltos, mas há registros também de violência sexual dentro do campus e de assassinato nos arredores da universidade.

O caso mais recente aconteceu em junho de 2013, quando a estudante de Arquivologia, Ana Carla Baldini Soares, foi assassinada com um tiro em frente à Faculdade de Medicina (Famed), no Vale do Canela. A vítima, que seguia para o estágio, caminhava em direção ao ponto de ônibus por volta das 6h30, quando um homem, que estava em um veículo prata, efetuou o disparo. Imagens de uma câmera instalada em frente à Famed estão sendo usadas para auxiliar a polícia. Ainda não se sabe as motivações do crime.

Também em fevereiro de 2013, um carro forte que abasteceria o caixa eletrônico do PAF 1, no campus de Ondina, foi assaltado por volta das 10h. Três bandidos armados renderam os seguranças da empresa transportadora de malotes, em seguida, dominaram um segurança da UFBA e tomaram sua arma. Os assaltantes fugiram em três motos levando R$ 100 mil. Segundo testemunhas, um tiro foi disparado para o alto, mas ninguém ficou ferido. De acordo com o chefe de segurança da UFBA, Major Inevaldo Araújo, imagens capturadas pelas câmeras de segurança, foram essenciais na identificação e captura dos criminosos no dia seguinte.

Um dos casos que mais ganharam repercussão na mídia aconteceu em agosto de 2008, quando uma estudante foi violentada no campus de Ondina. Segundo testemunhas, a vítima foi rendida nos fundos da Faculdade de Dança por volta das 10h. Segundo a delegada da 14ª Delegacia da Barra, Vânia Matos, a estudante foi abordada para um assalto e, como não tinha objetos de valor ou dinheiro, começou a sofrer ameaças. O ladrão pediu que ela o acompanhasse por uma trilha, onde encontrou uma construção abandonada e a violentou. Na época, não havia câmeras de segurança e o bandido não foi preso.

Crimes na UFBA on Dipity.

Segurança – A UFBA tem uma área total de 1.200.000 m², o que equivale a quase 117 campos de futebol, e gasta uma média de R$ 2,2 milhões com o pagamento mensal de agentes de segurança terceirizados, segundo o pró-reitor de Administração substituto, Lafaiete Almeida Cardoso. Um total de 534 agentes de segurança, da empresa terceirizada Grupo MAP, e de 400 porteiros da empresa terceirizada Orbraserv fazem a segurança dos campi da UFBA, na capital e no interior. Para o agente de segurança Jean Santos, que trabalha no campus de Ondina, esse número não é suficiente, uma vez que frequentemente seguranças são deslocados de seus postos para outros, deixando alguns pontos vulneráveis.

“Uma vez nos colocaram em outro posto e deixaram esse posto descoberto e, pouco depois de sairmos, levaram tudo de uma menina que passava aqui”, denunciou o agente, alertando que mulheres são o alvo principal dos bandidos. A estudante do curso de Fonoaudiologia, Mariane de Carvalho, já foi assaltada três vezes enquanto voltava para casa, após as aulas no Vale do Canela. Mesmo estando acompanhada por colegas, Mariane foi abordada por criminosos que levaram sua bolsa e um colar de ouro. Para ela, a presença de policiais nos arredores da unidade poderia coibir a ação dos bandidos.

Em 2012, a reitora da UFBA, Dora Leal Rosa, solicitou o apoio da Polícia Militar nos entornos dos campi da Universidade, durante encontro com o Comandante Geral da PM, cel. Alfredo Braga de Castro. Mas, de acordo com a estudante Maria Carvalhal, a decisão não tem sido cumprida: “A única vez que vi a PM no entorno da UFBA foi recentemente, quando uma mulher foi baleada no ponto de ônibus do Canela”, denunciou a estudante de Administração, que tem aulas no período noturno há dois anos e meio. “Quando vejo a polícia, logo penso: se a PM está aqui é porque houve alguma ocorrência e vou logo embora”, desabafou , ao explicar que a PM deveria ser melhor treinada para lidar com a população. As autoras dessa reportagem procuraram a Assessoria de Comunicação da PM para falar sobre suas ações nos entornos da UFBA, mas até o momento da publicação não obtiveram resposta.

Por se tratar de uma área federal, a Polícia Militar e a Polícia Civil têm restrições para agir dentro da UFBA e até para investigar casos ocorridos na universidade. Essa limitação dificultou o registro de boletim de ocorrência do estudante de Jornalismo, Darlan Caires, que teve um notebook roubado em um assalto à mão armada enquanto fazia um trabalho em grupo na varanda da Faculdade de Comunicação, em setembro de 2010. Na época, a Polícia Federal informou que não poderia fazer o B.O., uma vez que o roubo não foi do patrimônio federal e sim pessoal. Após várias tentativas, Darlan Caires conseguiu ter sua ocorrência registrada na 7ª Delegacia do Rio Vermelho.

Diariamente, cerca de 40 mil pessoas circulam por dia apenas no campus de Ondina, segundo o coordenador de segurança dos campi da UFBA, major Inevaldo Antônio de Araújo. Para o segurança Gideilson de Lima, que trabalha na portaria principal do campus de Ondina, é necessário um maior controle sobre as pessoas que têm acesso aos espaços da UFBA. “Deveria ter uma catraca, um cartão que identificasse os estudantes”, defende, explicando que não há nenhum controle, exceto nos finais de semana e nos feriados, quando apenas pessoas autorizadas pela Coordenação de Segurança têm acesso à universidade.

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