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Violência nas ruas é uma constante
- 21/05/2014Ailton Sena e Wilka Brasil
De acordo com informações divulgadas pela Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), existem cerca de 3.500 pessoas vivendo em situação de rua na cidade de Salvador. O Centro Histórico e bairros como Barra, Graça, Vitória e Rio Vermelho estão entre as 28 localidades com maior incidência.
Alcoolismo, envolvimento com drogas ilícitas, conflitos familiares e desemprego figuram entre as razões que levam pessoas às ruas. Seja qual for o motivo, o curso é alto para todos, não só pela ausência de um teto, mas também pela violência que sofrem até mesmo de agentes poder público.
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De acordo com uma educadora de um Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, que prefere não ser identificada, os moradores de rua comumente chegam à instituição com marcas de agressões sofridas nas ruas. Muitas são causadas por policias militares e agentes da Guarda Municipal. “Os guardas chegam a ser piores que a polícia. Muito mais agressivos”, relata.
“Eles chegam com o jato gritando ‘acorda, desgraça!’ e molham a gente no meio da madrugada. Colocam armas na nossa cara e pisam na gente. Já fizeram isso comigo umas 10 vezes. Em Aquidabã, na Fonte Nova, na Praça da Piedade, eles chegam do mesmo jeito”, denúncia o jovem morador de rua Rafael dos Santos.
O relato dele se assemelha ao de Luiz Henrique, expulso do Corredor da Vitória, bairro em que costumava ficar. “Eles disseram que eu não podia mais ficar ali, que, se eu voltasse, eles iam me dar um sumiço. É por isso que agora eu estou aqui pelo Centro”, narra.
Alexsandro Gomes diz já ter sofrido muito com a violência de policiais e agentes da Guarda Municipal. Ele vive nas ruas desde os 10 anos, idade em que começou a fumar maconha. Hoje, sonha com a possibilidade de ir para um “hotel de luxo” em Itapuã para onde os moradores de rua estariam sendo levados, embora saiba que a estadia é provisória. “Depois da Copa eles vão botar a gente na rua de novo. Só estão fazendo isso por causa da Copa. É um hotel chique com ar-condicionado e tudo. Eles não vão deixar a gente morando lá”, lamenta.