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Walter Smetak – o luthier do novo mundo
- 04/02/2013No ano de seu centenário, a obra de Smetak ganha novas chances de cumprir a missão pelo músico: construir novos homens para um novo mundo
Raisa Andrade e Thamires Tavares
“Levei a proposta de devolver ao instrumento a sua real dignidade […] e a sua verdadeira missão, que é a de instruir mentes” – assim Anton Walter Smetak inicia o livro Simbologia dos Instrumentos (2001), que integra a obra do músico, (de) compositor, luthier, filósofo, professor, instrumentista,místico, poeta, artista plástico e dramaturgo junto a outros 131 livros, 3 peças de teatro, 150 plásticas sonoras e 2 discos. Segundo Smetak, todo esse material não era sequer música, apenas um caminho de trazer o homem de volta a si mesmo e à Terra, seguindo os preceitos da Eubiose – filosofia de vida da qual era iniciado.
No ano em que Smetak completaria 100 anos (13 de fevereiro de 1903, Zurique – 30 de maio de 1984, Salvador) a família do artista se reúne aos “herdeiros” do mestre e a produtores locais para tentar reanimar seu legado. “Por enquanto, toda iniciativa é nossa. Contamos com o acolhimento dos projetos pela Secretaria de Cultura, através dos editais”, diz Bárbara Smetak, filha e curadora da obra do Velho Bruxo.
Planos – O acolhimento a que Bárbara se refere diz respeito aos quatro projetos inscritos com a parceria das produtoras culturais Alana Silveria e Lívia Cunha no programa de editais da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB). O
primeiro dos deles sugere a publicação em e-book e livro físico de uma série de poemas e desenhos feitos por Walter Smetak. A obra deverá se chamar Poesia para crianças grandes e adultos pequenos.
A laje da casa onde Smetak morou durante anos guarda ainda relíquias. As 40 horas inéditas de gravação registradas em fitas acabam de ser recuperadas pela Fundação Pro Helvetia e devem virar dois CDs – este é o segundo empreendimento que aguarda avaliação da FUNCEB. A terceira das propostas é a realização de uma exposição idealizada por Mário Thompson, fotógrafo paulista que reúne um imenso acervo fotográfico onde a figura central é o aniversariante. O quarto dos projetos inscritos diz respeito à montagem da peça multimídia O errotismo do canhoto, com direção de Lia Robatto.
O trio já garantiu a reedição de Simbologia dos Instrumentos, pela Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA). A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult)deve realizar dois projetos em duas parcerias – a primeira compreende a realização de um concurso de composições smetakianas a ser realizado junto a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (EMUS), onde Smetak foi professor, e a segunda parceria feita com a Orquestra Sinfônica da Bahia e o UAKTI Oficina Instrumental deverão dar origem a um show, ainda sem data confirmada, no Teatro Castro Alves.
Polêmica – Em outubro do ano passado, uma nota tomou proporções gigantescas ao circular nas redes sociais. Nela, Bárbara Smetak falava de sua preocupação ao saber que, em 2013, a obra de seu pai deveria ser despejada do Solar do Ferrão. Em outra nota, a Secult, por meio da Diretoria de Museus e do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (DIMUS/IPAC), nega as afirmações. “Tem sempre a incerteza, cada ano. Temos a confirmação do secretário de Cultura que não será [o acervo] despejado esse ano que é o centenário. Mas, em 2014, a gente não sabe”, lamenta Bárbara, que se recente ainda com a não divulgação de uma imensa parcela ainda inédita da obra do pai.
Diante de tal impasse e falta de incentivo, a família pôs todo o acervo à venda. Bárbara não esconde que o interesse da família é que a obra permaneça no estado. “A Bahia deu régua e compasso a Smetak. Só depende agora do Governo do Estado”.
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