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“Cada caso é um caso”, diz especialista
- 12/12/2011Alguns estudiosos enxergam com ceticismo o futuro panorama político de Salvador; outros acreditam que a diversidade faz parte da democracia
Por Denise Marinho e Gabriela Baleeiro
Roselene Alencar, professora do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, acredita que o que leva artistas a se aventurarem na vida política nada mais é do que oportunismo financeiro. “Político no Brasil ganha muito, e muitas pessoas vêem na política uma oportunidade para ganhar dinheiro”, observa. Para a professora, muitos destes artistas não são motivados a se candidatarem porque têm um projeto político para a cidade, mas sim porque esbanjam de grande visibilidade pública e os partidos políticos se aproveitam disso. Alencar ainda afirma que enquanto não for feita uma reforma política no Brasil, os políticos continuarão a ver a vida política simplesmente como um caminho para sustentar um alto padrão de vida. “O salário anual dos parlamentares brasileiros é um dos maiores do mundo. Se essa realidade fosse diferente no Brasil, muitos mandatos nem existiram”, diz.
Já o colunista político e ex-vereador Emerson José, em sua coluna publicada no jornal, no dia 26/11/2011, afirmou que essas pré-candidaturas “parecem aos olhos dos eleitores apenas mais uma chacota com o bom senso”. José acredita que, graças a alguns políticos, como os ex-deputados Heraldo Rocha, Vespasiano Santos, Javier Alfaya e Edvaldo Brito, o pleito do próximo ano terá um “contra-ataque de nível contra a baixaria que está colocada à nossa frente”. Para ele, quando é melhorado o nível das candidaturas, ganham os parlamentares com mandato, os eleitores e a cidade de um modo geral.
Diversidade – Mas há quem veja de forma diferente essa questão. Paulo Fábio Dantas, cientista político e também professor da UFBA, afirma que do ponto de vista do sistema político esses candidatos são um delta, ou seja, essa ocorrência de ex-artistas que se candidatam a cargos políticos não é relevante o suficiente para afetar a vida política. “Seria estranho para a democracia se essas candidaturas e mandatos não existissem”, diz. O cientista político ainda acredita que não se deve estigmatizar essas candidaturas, partindo da premissa de que existe um mesmo elemento que as caracteriza, e nem se deve pensar que o meio destes artistas seja um meio fecundo para a vida política. “Cada caso é um caso. Entre Leo Kret e Tiririca não há nada de semelhança”, afirma.
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